O que há pra hoje?

POESIA COLABORATIVA
Suor. Espaço de exercício poético e livre escrita...

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

AR - Palavra delírio no ar

Fazer a palavra pegar delírio
Tornar-se acima e abaixo
e dos lados,
pelas frentes e pelos fundos
uma palavra gozo, uma palavra/alegria.

Giro surf.
Fazer a palavra girar... e girar... e uruibuir o verso todo.
Tonta a palavra desfolha, planta, fermenta, germina e salta aos borbotões ...
derramando-se pelas esquinas
como música
ou perfume
no ar.

Fazer a palavra pegar delírio no ar
Fazer a palavra pegar delírio on air
Fazer a palavra pegar delírio no ar
...
(repetir cinco mil vezes ao dia)

Tiro de AR singra o ar
TTTTTTTiroteio de metáforas
Tiro de AR singra o ar

E fingir que não vejo
meu vizinho empunhando a AR
Me - ten - do - co - mo - mi - ra!


Faróis no Mangue

Mangue
Polissemia, ambivalência
Mangue é palavra-mangue...
Palavra poesia
Jogar faz luzir
Luzir no mangue...
Luzir.

Faróis:
Oiticica, Torquato, Clark, Waly, Zé!



Mangue
Caldo imaginal, lama, monturo, caos
Mangue é palavra-mangue...
palavra acesa
Belezar faz luzir
Luzir no mangue...
Luzir.


Faróis:
Tom Zé Martinez, Mutantes, Caegiltano, Capinam!

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Sobre os Limites da Performance



"Pedimos ao Governo e à Justiça Federal para não decretar a ordem de despejo/expulsão, mas decretar nossa morte coletiva e enterrar nós todos aqui. Pedimos, de uma vez por todas, para decretar nossa extinção/dizimação total, além de enviar vários tratores para cavar um grande buraco para jogar e enterrar nossos corpos. Este é o nosso pedido aos juízes federais."




Brasil, 08 de outubro de 2012. Pedido/manifesto dos índios guarani-kaiowá, diante do despacho da Justiça Federal de Navirai - MS

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Já é


Esse tal 2012
E suas finitudes
E suas conclusões
E seu passar a limpo.

Esse tal 2012
De 10 mil acessos
e um beijo na boca

Sorte ser água
E não ser coluna
Parei de declarar fins
Tudo agora é caminhada
Um passo depois do outro.

Se já for, deu!

Comemorando 10 mil acessos e pensando a morte

Definitivamente não sou um mero declarador de rituais de passagem, de mortes ou de fins.
Mas e se for minha hora?
Foi.
Passou.
Já deu.

Chega!
Basta!
Porra!
Se já for, deu!

E que morrer...
"como derradeiro ato meu..."*
seja prenhe de leveza

que não seja de morte matada
que possa ser de morte morrida
na serenidade do além
do além então
nas brumas das eternidades

se me der na veneta eu vou
se me der na veneta eu mato
se me der na veneta eu morro
e volto pra curtir**

De padrão dórico, jônico ou coríntio,
a coluna grega não resistiu 
às pancadas romanas, 
às investidas cristãs, 
ao passar do tempo. 
Nem toda coluna resiste.***

... Parto silenciosamente.
Tenho saudade, como os cariocas, do dia em que sentia e achava que era dia de cego.
De modo que fico sossegado por aqui mesmo, enquanto durar.
Pra mim, chega!...****

* Gil
** Saillormoon
*** Amorim
**** Torquato
Quero é viver o agora - que já passou, 
já é outro agora. 
& outro & outro
& outra hora.
Até acabar.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

sábado, 13 de outubro de 2012

Sobre cinzas e sonhos

Haikai Marquês

Ensinou-me o mestre:

Não transformarei meus sonhos em cinzas...
Uso minhas cinzas para alcançar versos e sonhos...

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Apontamentos para os Jogos Performativos

Nada é ultrapassado
Evoé às ultrapassagens...
"Só a antropofagia nos une"*

Dispositivos, princípios, disparadores. Procedimentos, procedimentos, procedimentos:
- Imagens na sala de ensaio, tecidos, objetos
- Contágio
- Estudo performativo
- Arquitetura em casa
- Imagens cegas

JOGOS PERFORMATIVOS
Aprender, Criar e Performar

Derrisão.

Derrubar tudo.
Construir ruínas de babel.

O ator como função, como atuador, sem amarras,

Poesia não tem hora, nem lugar, nem polidez para acontecer.

Exterior - Waly Salomão

"Por que a poesia tem que se confinar
às paredes de dentro da vulva do poema?
Por que proibir à poesia
estourar os limites do grelo
da greta
da gruta
e se espraiar em pleno grude
além da grade
do sol nascido quadrado?

Por que a poesia tem que se sustentar
de pé, cartesiana milícia enfileirada,
obediente filha da pauta?"**

* Oswald de Andrade
**Waly Salomão

domingo, 7 de outubro de 2012

Perambulação 01 - nas terras de Maria Degolada


Boardline, 07 de outubro de 2012
No entre, na fenda, na brecha.
Onde fulguram caminhos das águas.

Eu, uma BABALORIXÁ de Oxossi com Oxum deito cabeça na morada do sossego.

Porto Alegre.
Que cidade é essa?

Chega! Não serei eu a dedicar tempo pra poesia micha, medíocre, incréu de roteiro de viagem.
- Mas não resisto!

Céu de chumbo.
Banho de chuva.
As águas que não lavam o sertão, molham os pampas.
Sina a contradição.

Em Porto Alegre, cinza, a algazarra é comedida, polida, cheia de boas maneiras.
Sina a contradição.

Vento frio, que ulula sorrateiro na pele da gente..

Ivan Bender, Caio Fernando Abreu, Érico Veríssimo, Mário Quintana.
Elis Calcanhoto Gonçalves de Kleidir...

Vento frio, que ulula sorrateiro na pele da gente.

Crimes da rua do arvoredo.
Homem que mqtqvq gente pra fazer linguiça.
Maria Degolada.
Prostituta que virou santa.

Bons modos, polidez e boas maneiras...
O mistério do Guaíba, o parque da redenção.

Bons modos, polidez e boas maneiras...
Povo educado, culto, comunicativo.

Bons modos, polidez e boas maneiras...
Custo de vida baixo, pouca gente miserável nas ruas.

Bons modos, polidez e boas maneiras...

Basta de bons costumes de sorriso no rosto.
Cidade cinza.

Gaúcho é povo matreiro,
experimentado nas guerras de martelo, foice, facão
arma de todo tipo, bala de canhão, espada.
faca amolada

Queda do totem! O povo aflito derruba e degola o totem.
- Derrubaram o mascote da copa que a Coca colocou na praça!
- Privatização do espaço público. - dizem uns
- Quando uma empresa faz alguma coisa pela cidade o povo ainda reclama.
O povo se coloca, fala mesmo.

Povo branco, tez translúcida, herança do europeu.
Fala fina.

Pei! Pei! Bum! Kabrum!
Vixe.
Tiroteio em praça pública.
E nã era um tiroteio de metáforas. Tiro mesmo. Pei! De matar gente.

Gente correndo, chorando, tensa.
Comércio fechando portas.

- Vocês que são jovens, meus filhos, vejam no que nossa pseudo democracia se tornou: Medo! Tristeza.
Camelôs postos na rua por não recolher impostos.
Tensão.
Tiroteio.

Tiroteio em praça pública.
Gente correndo, chorando, tensa.
Comércio fechando portas.
- Ba, tchê! Quando eles roubam, prendem, quando eles trabalham atrapalham. Deixa os camelô trabalhar, pelo mesmo não tão roubando. - diz uma senhora passante.
- Capaz! Eu desde não sei quantos anos tenho essa minha lojinha e se tem uma coisa que eu faço é deixar meus encargos e impostos em dia. - replica uma comerciante da reunião.

O povo se coloca, fala mesmo.

Bombacha!
Booommm!
Que pensar de um povo que vive com arma branca pendurado ao cinturão de couro?

Moer a cana...
Tirar a gema...

The end.
Dia 12 de outubro.
Vôo TAM 3600 - 17:27
Evoé, POA!

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Walydiando Maurices



Matemática
Física
Geometria
Régua
Ponteiro
Fração
Mecânica
Saindo de mim
Deixei de ser geômetra para ser amante
Abri janela escancarei  porta
Fiz-me  pedra,
 bicho,
planta,
humano
nada me sendo estranho
fiz deleite da
ação que exerce sobre mim o outro
fulano, sicrano, beltrano
uma pessoa que cruza meu caminho
e me obriga a reparar em sua presença
é fósforo que acende o fogo



(jogo e aproximação com a poesia "Olho de Lince" - Waly Salomão e a obra "Memória Coletiva" - Maurice Halbwachs)

Dialogo com Maurice*




Eco
O desencontro do meu desejo e a duração do tempo
É a uniformidade que nos pesa,
Considerar a vida e seus acontecimentos sob o aspecto da medida.
Disciplina coletiva, representação coletiva, encadeamento mecânico
Adição, subtração,multiplicação de continuidades
A multiplicidade do tempo só cabe na poesia

Se até os fenômenos astronômicos e físicos são sobrepostos ao julgo social,
Quem dirá eu!

Ser avaro com o tempo
E não perdê-lo
Tem  medida o tempo perdido?

E quem dirá que o mundo gira
Se a sanidade  repousa na estabilidade?

“o tempo não se escoa, ele dura”

"o tempo é aquilo que deve ser"





* livre interpretação, jogo e colagem com as ideias enunciadas por Maurice Halbwachs sobre o tempo.

Salomões 3 - Play List Live Saillormoon - ou Violada Salomônica

JOGO PERFORMATIVO: Play List Live Saillormoon - ou Violada Salomônica

Um homem, um violão descansando, três bancos. Na frente de cada banco repousa uma placa: "Teu Nome Mais Secreto"; "Minha Alegria"; "Mal Secreto". Na parede figura a placa: "Pague quanto quiser e faça seu pedido". A platéia pede. Um homem toca seu violão e volta a aguardar novo pedido.


quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Salomões 2 - "Olho de Lince - ou Mumificação"

JOGO PERFORMATIVO: Olho de Lince - ou Mumificação

Um homem com fones de ouvido. Um homem com olhos de lince, touca de banho e gravata pede ajuda para alguém da platéia e faz acordos segredados. Um homem vai ao computador e aciona a faixa "Olho de Lince" - gravação do álbum "Real Grandeza" de Jards Macalé, enquanto o voluntário o mumifica com uma fita crepe. Um homem com olhos de lince, touca de banho e gravata e fones no ouvido e passa a recitar Olho de Lince.


Solomões 1 - "Amante da Algazarra ou Ganhando a Vida"

JOGO PERFORMATIVO: "Amante da Algazarra - ou Ganhando a Vida"

Um aviso ao público:
"Toque a sirene uma vez: Pedinte Açougueiro com câimbra nos braços;
Toque a sirene duas vezes: Não tenha Ódio no verão"

 Pedinte Açougueiro com câimbra nos braços

Um homem de cueca preta abre uma caixa preta e apanha uma touca preta. Veste. Ainda dentro da caixa, pega um punhado de moedas num pote. Um homem agita um punhado de moedas num recipiente. Mendiga:

- Kant, Schiller, Duflo, Huizinga, Caillois, Ryngaert, Bulhões, Soares, Teles, Spolin, Boal, Reverbel,

- Give me the book
Give me Lábia
Give me Tarifa de Embarque
Give me Qual é o Parangolé
Give me Me Segura que Eu vou dar um troço
Give me Mel do Melhor
Give me Pescados Vivos (póstumo)
Give me Gigolô de Bibelôs
Give me Armarinho de Miudezas
Give me Babilaques
Give me Algaravias

Não Tenha Ódio no verão

Um homem retira a touca e a guarda na caixa. Deixa os cabelos livres. apanha isqueiro, cigarro e óculos escuros. Um homem aciona, num notebook a música "Não tenha Ódio no Verão" do álbum "Lixo Lógico" (2012) de Tom Zé. Um homem dança. Deita-se. Acende o cigarro. Relaxa.



-

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Onomatopéias nossas de todos os dias

Um na rua.
Atarantado atentando ouvir todos os sons, histórias, ruídos e fonemas que conseguir.

Fom! Fom!
Bi-Bip!
Pocotó, pocotó!
Piu! Piu!
Parakatizum!
Miau!
Au!
Smack!
Iequetinguelê!
Bibip!
Splash!
Parassapenteu escuta cá!
Boom!
Pow!
Bem te vi!

Onomatopéias para serem comidas.

Em casa. "- Aff!". Alívio.

Finalmente o silêncio.

(Errata: breve silêncio)

Trim.
Pausa.
Trimm. Trimmm.
Toca o telefone.

Bip.
SMS.
"Fiz um cachorro quente hoje!
Quer comer?"


Bip.
SMS.
"Já viram o por-do-sol?
Lindo como nunca! Nossa, Jequié!"


Hahahahahahahaha.
Heuaheuaheuaheua.
Kkkkkkkkkkkk.

Zzzzzz

Trimmmmmmmmmmmmmm.
Desperta o ouvinte do sono,
o despertador.
Outro dia começa!

Carpe Diem.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Carandiru

Carandiru, 1972
Waly Dias Salomão
Preso por porte de maconha.

Prisão
templo de libertação

e tuas selas lotadas, sujas, imundas...
e o cheiro de crime, de sangue ou de morte...
e teus inocentes, tuas paredes frias de grutas ignotas...

A poesia libertou o homem da prisão
O lançou solto no espaço, noutro espaço, noutra dimensão...
no mar bravio e caótico da estética...
o Marujeiro da Lua.

Com seus sujos olhos vermelhos
o poeta fica parado, fica calado, fica quieto.
corre chora conversa
e com todo restante versa.

Outra vez preso,
agora ao próprio fardo de ser poeta,
o poeta foge de sua sombra e começa a peregrinação do devir e dos desvios.

Sailormoon:
Marujeiro mor capitão da Stultifera Navis tropicalista

Por dentro

Sentir a pele por dentro
e músculos e ossos,
e alma.

Ouvir o corpo todo por dentro e profundo.

Movimento.

Corpo é movimento
Corpo é jogo.