O que há pra hoje?

POESIA COLABORATIVA
Suor. Espaço de exercício poético e livre escrita...

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Pensando positivo

POSITIVO POSITIVO POSITIVO
POSITIVO POSITIVO POSITIVO
POSITIVO POSITIVO POSITIVO
POSITIVO POSITIVO POSITIVO
POSITIVO POSITIVO POSITIVO
POSITIVO POSITIVO POSITIVO
POSITIVO POSITIVO POSITIVO
E PONTO.

Na era das catástrofes em tic tac

O mundo numa viração só
Catástrofes de todo modo
colapsos em lugares vãos
e o relógio tiquetaqueia ao mesmo modo
segundo por segundo
calmo
lento
nas nulidades

Gente de todos os nortes
Caminhos de todas as ordens
Mundo de cabeça pra baixo
e o relógio tiquetaqueia ao mesmo modo
segundo por segundo
calmo
lento
nas ninguendades

Tempo rei
Orixá das lambanças todas



Das agonias

Deita levanta
levanta deita
sai
anda
corre
volta
deita
levanta
anda pra lá
anda pra cá
vai e volta
passa
repassa
anda
deita
levanta

O canto do pássaro

O canto dos pássaros tem um rebolar gozozo que só ouvindo senti.

As aves que aqui gorjeiam.

Serve pra publicar

Nada no ânimo
no ânimo nada
e o ânimo nada contra a correnteza
que arrasta junto a si
de roldão
o ânimo de tudo e nada

não serve para publicar
não vale a publicação

tudo é uma questão de manter
a espinha ereta
o coração tranquilo
e a mente em paz
já diria o nobiliárquico cavalheiro andante de nome Daniel

paz

palavra pequenina de três letras apenas

se serve pra publicar
vale a publicação

o ânimo se refaz
na contínua afinação
na afinação do instrumento
de dentro pra fora de fora pra dentro

Parafraseando Waly Salomão

"Jesus Cristo, eu estou aqui!"

Por incrível que pareça.

E o pobre Roberto Carlos nem fora citado.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Deu

Ato de caridade e clarividência nº tal

Deu ou
já deu
ou ainda deu

Já deu
tá dando
já deu
ou vai dar

coincidência

coisa de ludibriar gente

Já deu
tá dando
já deu
ou vai dar

acaso de cor
ocaso de onde partir
caso leve da vida

Fato é que deu.
Já deu.
Já deu o que tinha que dar.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Pajelança


Despindo de toda vaidade
Rasgando todo o orgulho
Calçando alpercatas de humildades

Minha luz no cima
Minha luz no baixo
Minha luz na direita
Minha luz na esquerda
Minha luz na frente
Minha luz na traz

Oh, minha luz!

Parabolicalmaria!

Maracujá, maracugina com veneziana, camomila e erva doce.

Paz interior

Oh garrafada das maceradas ervas!

Oh, Farmacon! Oh, chá de Waly! Oh,  chá!

sexta-feira, 7 de junho de 2013

última tragada

Antes do sol se pôr
de a manhã tardar
de a colheita acontecer
de o plantio dar certo
de ceifar a terra
de comer
de fuder
antes da vida ser ela mesma tragada pelos pulmões todos consumidos.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

E como diriam os Salomões

Recordar não é viver

A justiça tarda e falha sim

Com olho de lince
quero crer no que vem por aí, beco escuro
passado presente futuro
reviro na palma da mão o dado

Os justos guardam a segurança de um leão
Já os impios...

TTTTTTTTTTTTiroteio de metáforas


domingo, 2 de junho de 2013

ADSTRINGENTE

Quer palavra mais adstringente que adstringente, gente?
Romã, própolis, caju, e não sei mais que número de coisas.

Acordar

Espantar preguiçaria
Avançar num espreguiçamento
levantar,
lavar,
limpar,
escovar,
banhar,
pentear,
vestir,
calçar,
e tá tudo certo pra viver.

Levanta, sacode a poeira e surfa na vida leve e por cima.

Planando.

sábado, 1 de junho de 2013

O sol tá massa
E a lua lá no meio do céu
Liberta massa
Massa que o chá tá massa
tá massa
que o chá tá massa
tá massa de maçã

É o caso de se perguntar

ANA: Porque sabonete preto faz espuma branca?

        Qual a diferença entre peformance e jogo e teatro e festa e ritual?

        "Porque será que existe o que quer que seja?"

        Qual o dia que se vai morrer?

PAI: "Mochilinhas de porque"

        "Se Eu tivessse a língua doce te cobria de poesia" como resposta

domingo, 26 de maio de 2013

Eu

Profissão: poeta
oficio: metaforar
Saí de detrás da porta
e tô dando a cara a tapa,
a beijo, a  afago,
a brinde, a prêmio, a foda dá.

terça-feira, 21 de maio de 2013

MEL PATHOS

Meu bem                                                 Meu Otorrino
Meu zen                                                  Meu Neuro
Meu mal                                                  Meu Endo
Mel mel                                                   Meu Uro

ÓTIMO ATO FALHO

Ia falando próximo
Acabei falando préximo
que é próximo de pésssimo
mas que de fato é
ÓTIMO ÓTIMO ÓTIMO

Deleite

No deleitar das prosperidades todas
Regojizo em Oshanas
Com todos os aplausos do dia
E com uma dose qualquer martírio também
Deliro no enlevo das Horas idas
O amor sido em deleitações
Ali,
Lá,
Cá, Cá,
Vem cá, Kafka.
Vem ne mim... tô facim...
Carecença de revoluções kafquianas.

Edificio

É difícil lidar com gente,
com a gente, então...
edificante.

sábado, 18 de maio de 2013

Para desitoxicar do mcpop americano

Chega de POP
e de pos - se pop - se poupe - se
baionizece, xotionizíce sotaquize - se
mosss.
Chega de pop, mosss.
de mac lanche feliz
de coca-cola
de suco de caixa ou de pó

chega disso senão nó
desfaz o nó desintoxica o nó
nónónó

para desintoxicar, de tanto rock, man
Nem um toque nem um choque.

Para desintoxicar de tanto rock... só
só um xote chamegar

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Mim mesmo

Feri-me: um fio espesso de sangue flui.
Eu com minha própria unha
ferí minha própria pele,
na minha própria testa,
da minha própria cabeça,
do meu próprio corpo
corpo é pouco

da minha PRÓPRIA PRÓPRIA PRÓPRIA

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Sobre aprendizados do jogo da vida

O maior espetáculo (com plateia) da Terra foi feito por Cristo.,
A maior performance (sem plateia) da Terra foi feita por Torquato Neto, Ana Sofia Charlotte Deise Charbairraimer (?), Jannis Joplin, Amy Winehouse, Assis Valente, Chorão, Elis, Jim Morrison.
Rock and Roll pra valer foi Noel Rosa que partiu sem chegar aos vinte e sete
Rock and Roll pra valer foi Nelson Cavaquinho que viveu pra caralho...
"Rock And Roll pra valer" é vó Elza, que tem 86 anos (03 meses mais velha que Suassuna) e duríssima com coloridos de Almodovar no vestido!
Edu Krieger - AOS VINTE E SETE

terça-feira, 14 de maio de 2013

Sabenças Miguelianas

A gente nunca sabe saber tudo , mas a gente pode tentar
Se eu estiver certo sobre tudo que eu acho ser certo
Tó de ótima
Mas se houver alguma coisa errada entre as coisas que eu acho serem certas
E eu não souber identifica-la

Posso estar fudido.

Peraí

Ela me traz uma gangorra estética lúdica jogadora iluminadora pra essa vida...
pra essa terra... pra essa encarnação... pra essa
mas nem que me ver, nem me visitar, nem me falar ao telefone...
e olhe que vou defender um doutorado...
ela me ama...

...ela me ama muito. 
apenas não ouviu o telefone tocar 
e ta na correria 
materializando metáforas
pela festa, trabalho, ovos e vinhos


Tá tentando organizar a vida!
Mas a demora é 
morosa, um pouco.




Morri.

Morri Ponto
E eu que ainda ontem nem tinha bigodes
hoje ando cheio de cabelos brancos
e ainda tão menino
tendo de lidar com tantas tempestades

demanda demanda demanda
mil coisas pra fazer e eu envelhecendo.
em que dia de domingo ficou minha mocidade?
em que descuido? Em que desleixo?

segunda-feira, 13 de maio de 2013


Devenir miragens
Devir
Devir
Despindo-me por dentro e por fora
Afinando o instrumento em um outro diapasão
Afinação cebolão
Se afinar em MI (E), se afinar em Ré (D), se afinar em Sol (G)
E que venham os tempos todos de viração

Ardente

Uma talagada de água ardente
sementes sementes sementes
Com o corpo pulsando enfermo, doente, religioso
Corpo pouco, lúcido jogo de cartas
Lucidez lúdica acionando as bacias semâ(e)nticas
Num vômito tudo pra fora
Outsider
Fluído da lua
Viver em mudanças que a subhumana pica envenena
Envenenar os dias de Yin
Salmodiar os dias Yangs
E viver as noites na equilibração de tudo
SABEDORIA E BENEVOLÊNCIA QUE GENTILEZA GERA GENTILEZA.
Aprender a poética de ser passarinheiro, passarinho avuador
Avuador, poca-zói, tapioca, farofa de jabá, milho, banana e soja
No cú da gia, a cobra comendo o próprio rabo sendo ao mesmo tempo a fome e a comida
Cambiar de idioma para botar delírio na palavra
Para fazer acionar tudo, tudo nas mãos
Tudo afeta, tudo parece dizer respeito e fazer sentido
Arnaldiar meu corpo
Vestir-se de vermelho, de verde, ou cenoura imperial
Botar delírio, botar delírio
Arder em febre, carne trêmula
Ser o meu melhor do dia sempre
Corpo em flor, corpo em flor de mandacaru do sertão euclidiano
Do Walysertão
Suportar a vaziez
Suportar a vaziez
Suportar a vaziez
Construir uma fortaleza de aço blindado em volta de si
Okê Aró Oxossi, meu Preto Velho, Laroyê Exu Mogiba
Trancando a rua, a estrada velha no meio do grotão seco, da terra esturricada
Huracan
Ser flumen ou uma piaba no Rio das Contas
E arder, arder, arder
Filho de Gerônimo
Neto de Assunção
Roberto Carlos remidor
Cabecinha benta de evozerar
Ter um capacete azul pra dar-se conta de ser outro
Proteger o ori com um gorro mágico
Tatuar o próprio nome no corpo e deixar fazer sentido pra não se esquecer quem
se é se é que é se é que é isso possível
Criar, criar, criar
E não se adequar
A vida como ela é
Despir-se do orgulho, das vaidades, dos preconceitos
Samplear, Samplear, Samplear
Há vida um terremoto de viração
Mixar, Mixar, Mixar
Há vida numa ilha de edição
Editar, erigir, conceber, minar
Rever os princípios em autoeducação
Ser amor da ponta da língua à ponta do pé
DO GREGO: Σε συγχωρώ

Em Evoezes Indianos

domingo, 12 de maio de 2013

Mestre Elomar (meu sertão salomão) - tropicalhando Elomar num Evoé

 LaroiêExu! Exu émojubá!

Em resposta a primeira coisa que saiu da boca do mestres Elomar pra mim nas  geladas encostas das serras das gerais, no planalto frio e seco de morte da conquista (que ele nunca leia isso!)

Criar um sertão high tech com antena e radar
um WALY SERTÃO.
criar pra viver
Criar pra viver
depois do que Elomar me falou.
Fala, mestre, Elomar. Fala, não. Compõe, moço. Bode vei.

OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO

...

Fita de Moebius
sertão babilaque salomão arnaldo pignatary oiticica antunes celso

Tom Zé tom zé
parara tom zé

Infinito aboio

aboio mouro do euclidesertão
j murilo é sertão de bosch ou
é sertão suassuna elomarsertão
walysertão
waly ser tão
rocha sertão de irará
iraraá ir sertão tão tãtã antão antoin conselheiro de tom zé
tomzésertão elomarsertão waly sertão ottosertão guimarãessertão
é tanto sertão no sertão dentro da gente, pro Catarina...

tem tanto sertão dentro da gente, Lirinha.

(parar de ler e ouvir Cordel do fogo encantando jogando performativamente com uma venda nos olhos, uma antena parabólica na mão, ao som de Elomar, tocado por meu yin-yanirmão [enlevo só que estudou na escola de tom zé e agora na escola de othon Bastos, João Augusto, Nilda Spencer, Harildo Déda e Daniel Marques Catarina Sant'anna Sérgio Afazifaria e Cleise Mendes], recitando Waly Salomão)

Daniel me ilumina!

Oke Aró! Oxossi Caçador, Elomar!

guimarãessertão guimarãessertão guimarãessertão

João. O mar virá sertão. Moço. Amigo. Doce. Outro
O sertão vira mar.
Monte Santo. Sertão.
Meu amigo.
Os Sertões. No Plural. Euclideana Iluminação!

Corpo corpo é pouco, sendo corpo vitual é outro, muito

To mandando tanto e-mail
eu to aqui ficando louco

To precisando comprar VODOL
que a frieira tá a me atacar

To mandando tanto faces
Corpo virtual remidor

Não. Facebook não é o termometro do mundo não...

ODE de Amódio de Jequi - terras da contradição (salomão)

Jequié é Urbana
Jequié é urbana
Jequié é Urbana
E falta tanta urbanidade
E haja tanta urbana idade

amódioamódioamódioamódio

ODE já minha terra de waly
templo de salomão

pelas arapucas andar, se entregar, se deixar prender e/pra se libertar
como Waly no Caradiru ir
PARA SE LIBERTAR
LIBERTAD
LIBERTÈ

In elefectar
Saindo da arapuca, do jequi, pra ver o que é que vejo...
Saindo da gaiola pra ver o que tem lá fora...

(cambiar de idioma pra na palavra por delírio, walydelirar)

- "mERGULHO. pROFUNDO!"
E ela? Onde está?
Nunca mais se ouviu falar, só se escuta.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Aboio de retirança


Ôôôôôôôôôôôôô ôi dor
hêêêêêêêêêêêêêê


Mais que escolha mais confusa
Em cada estrada uma viração
Em cada curva um  novo mundo
E eu só com Viola Enxada e facão

A vida aqui é modesta
Mas também não é sofrida
Como posso querer me despedir da terra
Em que vivi por toda vida

A incerteza do vento é o que reina por lá
Aqui terra é alimento
E nois pode trabalhar
Meu lote de terra é modesto
Mas dá pra nois viver
E nesse caminho sem volta
O que é que eu vou ser?

domingo, 5 de maio de 2013

Priberam contribuições Errantes sugestões

lavrar
laboro 



v. tr.

1. Trabalhar com arado, charrua, etc.


2. [Por extensão]  Amanhar, cultivar.

3. Ornar de lavores ou relevos.
4. Entalhar, cinzelar.
5. Bordar.
6. Aplainar (madeiras).
7. Explorar (mina).
8. Ir-se alastrando por.
9. Corroer.
10. Escrever; proceder à factura de (instrumento escrito).
v. intr.
11. Alastrar-se.
12. Tomar incremento.

Proposta errante 
13. jorrar lentamente

Fresta

Hummm!! Cheiro de botão em flor
quando ela mina.

o contraste da cor
o cheiro
os tamanhos do corpo

aqueles olhos[
aqueles olhos[

hummm!!!!!
cheiro de botão em flor.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Sândalo


Um dia depois do outro

"Fiz meu berço na viração"*

Matar um leão por dia, e serenar. Leão que ruge, que range e que morde...

Passar os dias dando murro em ponta de faca, e permanecer resiliente.

Bater todo dia na mesma tecla, e firmar candura.

Porque elefante se come aos pedaços.

E os homens que lutam "todos os dias... esses, sim, são imprescindíveis"**



*Tom Zé
** Bertold Brecht

quinta-feira, 25 de abril de 2013

dois lindos

Amanhã meus dois lindos vão se encontrar pra criar

digo que são
mas não são meus
porque a posse não é fato
é só termo emprestado pra tratar com cuidado e trazer mais pra perto o que já é dentro.

dei um beijo num
e enviei um outro para o outro

amanhã meus dois lindos vão se encontrar
e criar
e eu sou rica rica rica de marré deci.

gosto dos meus rapazes
de cada um e dos dois.
e eu sou rica rica rica de boarré subi.



terça-feira, 23 de abril de 2013

Menino vadio (um canceriano)

que me dá chá, quebra-queixo, cigarro, pé-de-moleque

eita doçura, leveza, malineza vadia, meigosa, carinhenta e lambanceira

eita sorriso terno e zombeteiro

eita mais eu gosto da gente

amor terno amor

roxo canceriano terno

amor terno

amor canceriano

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Maçanetas todas


Eram uma, duas, três, quatro, cinco mil, seis mil, sete mil
Eram um milhão, dois bilhões, três trilhões
Eram um terabit, dois terabit, três tetrabit
de maçanetas.


Maçanetas de porta
todas elas, flutuando, flutuando suspensas no firmamento
abrindo/fechando com suas fechaduras
as entradas de todas as sendas, de todas as veredas,
de todos o caminhos.

E era ele caminhoso,
mas nunca acabavam-se as maçanetas, infinitas maçanetas e suas horas todas...
hora de fechar, hora de abrir, hora de ir, hora de som, "hora de mim sem som", hora de passar, hora de acordar, hora de compor, hora de hora...
hora de acabar.
Hora de tudo que é hora.

É que é preciso maçanetas e mais maçanetas
É preciso um zilhão de maçanetas
um não-se-acaba-mais de maçanetas
para abrir, para seguir, para passar,
ou para simplesmente ir, sumir.


É que é preciso maçanetas e mais maçanetas
É preciso um zilhão de maçanetas
um não-se-acaba-mais de maçanetas

para abrir a cabeça do mundo, a cabeça do século.

domingo, 21 de abril de 2013

Rascunhos num 21 de abril



Memória e liberdade

Com quantos esquecimentos se forja uma nação?

Quer dizer então que hoje é o dia do maior  bode expiatório deste país?
O dia de nos lembrarmos que a corda arrebenta sempre do lado do mais fraco?

Eu heim!
Comigo não, meu irmão
Comigo não.
Livra meu pescoço
De ser herói
desta nação

"eu não sei de nada"
"eu sou inocente"
"eu não tenho chicote"
"eu sou até fraco"

- Tô mais prum Macunaíma que prum Tiradentes!

sábado, 20 de abril de 2013


é reconfortante enxergar um fim da trilha
saber de uma passada derradeira
ver concluída uma jornada.



quarta-feira, 17 de abril de 2013

Na vaziez da solidão, acompanhado

Antes só.
Depois também.

Mas, antes só que mal acompanhado
porque a presença do mal-acompanhante
é um anti-só
só isso, um anti-só
misero consolo


Ser Só
Imensidão Íntima
Consciência  profunda


sou mais feliz só
sinto
falta-me, no entanto,
o sexo

o sexo!

Ser Só
Imensidão Íntima
Vaziez Profunda


devo ser feliz junto ou só
sei
falta-me, no entanto,
fazer com que o corpo
re-sinta
entenda 

terça-feira, 9 de abril de 2013

Um fora

Olhei para ela, no fundo dos olhos, e, simples, disse, apenas, monossilábicos: pô, xô, sai, vá, cú.

E ela com cara de cínica fingindo não saber o que sei que sabe, ou fingindo não saber o que sei que sabe que sei, disse não entender o porque.

E não insistiu: - "Tão tá".

domingo, 31 de março de 2013

Estio

E se a lágrima não quiser virar canção...

Oxalá queira
não vire um câncer.

Que vire um grito,
um sopro,
um ruído,
um caco.

E antes que
o olho entre no Estio,
e os motivos lacrimosos também..
que a vida floresça!
Que a vida floresça!

sábado, 30 de março de 2013

O que é que é isso? What is this?


- Nem um nariz de palhaço
- Nem uma cabana
- Nem uma fôrma de sorvete
- Nem a tarracha de um violão
- Nem a tampa da garrafa do produto de limpeza
- Nem um falo, uma pica vermelha
- Nem um megafone
- Nem o diabo, diablo rojo
- Ou é o pop que não emplacou ou um objeto não identificado

De bruços

De bruços...
E as intimidades tocando a terra, o mundo, o cosmo todo.
Na terra, em penetrações.
Na esfera de fecundações intensas.



Ouvindo o tempo

muitos pássaros
cantam, gorjeiam,
piam, assobiam
sinfonia de pássaros
canários,
sabiás e bem-te-vis
rouxinóis e
assum pretos

no quintal avarandado
na rede
ouvindo o tempo
o tempo passar

ócio e criação



ansiar

(na casa do vizinho)
um bebê chora
grita
esperneia
desesperado


um bebê chora
choro de calundu
choro de colo
de cacorê
birra

no tempo poético do ininterrupto
de um tempo poético que é ininterrupto
e é uma sabedoria lidar com o tempo ao invés de ser refém do tempo
no tempo poético do initerrupto
de um tempo poético que é ininterrupto
e é uma sabedoria lidar com o tempo ao invés de ser refém do tempo

(na casa do vizinho)
um bebê chora
choro de faniquito
choro de piti
de lambança
de confusão


um bebê chora
choro de calundu
choro de colo
de cacorê
birra


vezes intermitente
vezes ininterruptamente

parou

Imensa longilínea


Perfil:
uma Olívia Palito
Cara de gente que não tem cor
coisa aguada
insossa
cor de nada
cor de flictis
uma cor sem cor que tão sem cor
nem cor tinha
flictis

Se considerava viciada,
nunca havia fumado,
mas achava-se.
A fumaça,
o cheiro
impregnavam-na
e por contágio
se achava fumante
fumante

Acordava todo dia e religiosamente
se perguntava
um punhado de três ou quatro coisas diante do espelho
e depois pensava:
Porque há algo ao invés de nada?
se maquiava
compunha-se com uma base excessivamente branca
que intensificava aquele
natural ar fantasmagórico


uma mulher
cheia de sacolas de boutique e de grife,
e que curiosamente carregava essas sacolas repletas de limões.
Limões apenas.
Ela passava os dias
visitando as lojas
curiando vitrines
bisbilhotando
e não comprando nada.
Era com isso, apenas, que se ocupava
a única coisa que ela fazia
era perambular pelas lojas
.
vivia a reboque disso
dias (in) úteis
domingos e feriados

uma mulher só
uma figura absolutamente só
cheia de nós pelas costas,
de rabugices, tiques e sandices:
tinha nojo de tomate, de comida, de alface
pensa que veio da terra e tem nojo
magra esquálida, raquítica
Olívia Palito
magra de ruim
fazia sempre tudo de limão
dieta de limão
limão noite e dia
fundamento da dieta limão alimentar
- limão metódico-
limão tira CC
purifica o sangue, o limão
era preciso comer o bagaço do limão
o bagaço do limão
o bagaço

era preciso ser séria, ser sincera
ser sincera com aquilo que se fazia cotidianamente
e ela era

vagava, perambulava, á deriva pelo comércio

Arrumava-se sempre como se estivesse
indo
pra um evento de gala
pegava as sacolas de limão
e punha-se na rua a farejar por entre as lojas
passava as horas, os dias,
visitando todas as lojas do velho assediador centro da cidade
procurava um algo
algo, uma alguma  coisa,
uma coisa importante, importantíssima
coisa (F)útil, coisa prática
coisa que sabia, mas não sabia dizer o que era
e, portanto, não havia vendedor que pudesse ajudar
sempre assim, nunca tinha esse algo,
nunca ninguém tinha essa alguma coisa
e a mulher, imensa longilínea, passava os dias
numa busca incessante por essa coisa que nunca se encontrava
e passava os dias visitando as lojas
e na busca
e procurando
e faminta
aquilo que ela queria, ou que achava que existia
e em vão
sem nunca encontrar

nos seus olhos se via que ela
verdadeiramente
estava procurando alguma coisa
e agia como se realmente acreditasse nessa busca
na existência dessa coisa
alguma...nenhuma

mas com passar dos dias,
repetidamente, visitando aquelas lojas no centro da cidade
quem observava constatava
uma falta de sanidade, de equilibração,
de dor cotidiana, dor diciplinar
aquela mulher tinha um não sei o quê que ninguém tinha
dona de uma vida que era outra coisa
de uma vida que era vida
mas não era vida entre nós
uma vida bolha
ela estava ali, mas não entre nós

Mas naquele dia...

Sim, houve um dia...

Naquele dia
ela não acordou com a mesma disposição

e o tempo parou

é como se a engrenagem da existência tivesse
ruído, fissurado, cindido
pelo martelar cotidiano
e não foi pra rua

Não foi
ou não queria ir

E a rua toda silenciou
sentindo a falta dela
o comércio ficou mais triste
ninguém sabia como agir
o cara que atendia na loja
perdeu-se entre fazendas e matizes
a mulher que a enxotava
ensimesmou-se
o cachorro que corria atrás dela, quando ela passava
aquietou-se
as beatas que comentavam: - "ela é louca, é louca"-
imolaram-se

o carteiro, o bicheiro, o indigente
a rua, o hidrante, o chão,
tudo sentia
(res)sentia a falta

e como se nada fizesse mais sentido algum
a mulher olhava em volta e sentia que era tudo e não era mais ela mesma
era a pia do banheiro, a torneira da cozinha, a porta da sala, o cadeado do portão
tudo menos ela
que a mulher não estava mais lá:
amalgamou-se

havia perdido a dimensão de si, o tamanho de si, a medida da própria alma
havia ela mesma se tornado coisa,
chão, poeira, tomada, tudo
e para sempre desapareceu
coisificou-se
não se distinguia mais de nada,
nem de ninguém
era um nada.

e se ela não estava ali, onde ela estaria?
no estado primitivo tudo é presente

desapareceu apenas,
sem mais nem menos,
nem mais era,
nem mais havia


E foi dada como morta.
ela que estava viva, só não estava entre nós.

"a cidade se quedou paralisada", buarquianamente,
em luto
e tudo que a desprezava se dava conta da falta dela
as lojas do comércio fecharam as portas
no dia em que todos constataram
a desaparecença

agoniada estava
e desde então agoniadas estão as coisas
as coisas todas
desde sempre e quase nunca.

sexta-feira, 29 de março de 2013


nosso amor acabou.
                                  .
                                          .
                                                de começar!

domingo, 24 de março de 2013


Desavim
Desavim febril e trôpego pelas estradas do fundo
de banda, de viés, atravessado num barravento só
Desavim febril e trôpego pelas estradas do mundo
Desavim

sábado, 23 de março de 2013





Gritei a plenos pulmões que a realidade podia ser outra
que quero ser o protagonista da própria vida - e que ela não seja um solo.

- Astros!!
Oh astros,
careço de uma revolução!

sexta-feira, 22 de março de 2013

"...e cada vez que doou ao delicado ensaio
melhor respirou, viveu e enobreceu-se...

Estacionado, vírgula

Evitava , vírgula , vírgula , vírgula,
que pra fazer poesia,
rasgaria tudo por dentro,
e não queria, e não queria, ou queria,
e se queria não sabia,
ou não sabia querer,
o fato é que saía,
e saía, é, saía, e saía,,,
jorrava tudo que é poesia,
que sangrava tudo por dentro,
hemorragia, hemorragia, hemorragia,
sintoma de bem querer.
Ele evitava , vírgula , vírgula , vírgula,
mas não parava de escrever , , ,

domingo, 17 de março de 2013

domingo, 10 de março de 2013

Prazeres

Tudo posso
Algumas coisas me engordam
mas tudo posso
Algumas coisas dão ressaca
mas tudo posso
Por algumas coisas perco os prazos
mas tudo posso
Por alguns prazeres de muita coisa sou capaz
mas tudo posso
e se não posso
que é poder?

sexta-feira, 8 de março de 2013

De si um nó

(Em Si menor)

De si, sei esse pouco
De si,
Diz sim,
Diz só,
De Sol a Sol,
De mim, só
Digo o que sei.
Digo, se é que sei.
Do que se sabe, o que se sabe
De si,
De fato?
Disse?

De si, sei esse tanto
De si no entanto
Digo que sou sim, só
Diz-me e
Dê-me a mim o sol.
De todo sol prevê-se um dó.
De quantos sóis se faz um uno nó?
De prematuro ou bem vindouro caso
Douro o caso
Do rompante neste casulo
De si se sabe o fato?

mim e si, sós
fizemos outro só
no mundo

Por um fio





- Não, nem é desapego. Mas se ele se for assim, tão fácil,
 na primeira oportunidade é porque nem era. 
E como o que não tem remédio remediado está,
me rasgo por dentro e viro a página.

quinta-feira, 7 de março de 2013




Não tenho as respostas. Não tenho as respostas. Não tenho as respostas.
Também estou a querer sabê-las,
Nem sou mulher maravilha
Mulherão feito
Ou essa matéria de gente
Que sabe o que faz e pro que veio
Sou matéria comum
banal
gente qualquer
qualquer brasileira 
que como eu há 10 outras melhores

E nem vou pedir desculpas
Porque não é culpa
O que compõe a minha incompletude

Plenitude, plenitude, plenitude.
é de que
é que de
de que é
que de é

segunda-feira, 4 de março de 2013

Cunhã

Na casa de cunhã
Come-se um peixe fresco dum tempero de sabor sem precedente.
Na casa de cunhã com outras cunhãs, todas cunhãs
cunhazando as tardes, cunhazando os dias
tem Apolo servido na mesa, brômios, compotas de doce e de água
e de água que passarim não bebe
Na casa de cunhã onde cachaça doce se adoça com abacaxi,
abacaxi que, creio, tenha vindo de Irará
e as surpresas de conquista dançam o coração
Na casa de cunhã tudo está servido, de cachaça pink abacaxi
a chama de uma flor
e tem diáspora, e gracilianos, e tese/jogo, e partidas, e ai se sesse, e fotografias, e sombras, e cânones, comes e bebes e beijos
na casa de cunhã, com tudo que é cunhã, tornei-me cunhã também...
Uma casa brasileira com certeza, uma casa brasileira.

domingo, 3 de março de 2013

Artesão de si

(Para Fábio Vidal)

artesão de si mesmo 
artista atento 
tece e rompe casulos

se faz e refaz 
na presença inteira 
e na aprendizagem 

sábado, 2 de março de 2013

De como uma decepção torna-se canção

e quem diz que não compreendo
não compreende nada de como realmente entendo, de minha cosmovisão


e quem diz que não faço nada
não sabe nada do que eu faço


e quem diz coisa demais
anda dando "bom dia" a cavalo
ou dando com a língua nos dentes


e fodam-se as línguas de trapo do mundo todo


e enquanto falam mal de mim nos corredores
invisto os meus dias na tessitura do lavoro
na esfera da produção de mim mesmo


"e só tô beijando o rosto de quem me dá valor
pra quem vale mais o gosto do que cem mil réis"

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Párabachelard


É preciso escutar os poetas.
É preciso ver os poetas.
É preciso tocar os poetas.
É preciso cheirar os poetas.
É preciso degustar os poetas.
É preciso sentir os poetas.
Eis o que é preciso
e pronto.
Se é que é preciso, não-preciso, impreciso.


domingo, 24 de fevereiro de 2013

Gal Costa canta

(ouvindo Gal Fatal o mês inteiro/todo)
E se o canto Gal Costa não calar mais em alma nenhuma...
se a voz/poeta não puder purgar o mundo com sua voz...
Gal permanecerá cantando
todo poeta soa
todo poeta entoa
tem uma voz na panela lá
Gal Costa canta agudíssima, canta dulcíssima, grita
Um dia só restará do poeta o canto
no meio do nada, da destruição do mundo todo e de tudo
só se ouvirá o canto de Gal
roçando a própria voz no próprio cabelo
descendo a nota até o sol do plexo
a voz de Gal
como única coisa a que se tem
e não importa se é um canto que convém,
não se pondera se convém ou não convém
o poeta canta, canta, canta e desembaraça o mundo
Gal cantando
cantacaê, cantwaly, cantaquém
Gal cantando
canta aqui, canta ali, canta além

Intuição

Pressinto
sinto
faço
finjo
finjo que não sei
mas sei
no fundo
no mais profundo
sei
e só sei
que sei
sem saber dizer
que sei
mas sei
sem saber dizer que sei

pressinto
sinto
faço
minto
minto que não sei
mas sei
no mais profundo
fundo
sei
e só sei
que sei
sem saber dizer
que sei
que sei
que sei
mas sei sem saber que sei
digo: pressinto
e sei sem saber dizer

domingo, 17 de fevereiro de 2013

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Évinha Vindo

Évinha vindo numa pressa tola, numa sangria, numa desatação
sem nenhuma amarração évinha vindo évinha vindo vindo e subindo o largo da aflição
Oh! Evém.
Oh! Evém vindo o tempo da viração
Evém Huracan que vinha vindo arribando tudo que há no chão

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Um sorriso Tatit

Fiquei com o desejo de ouvir tatit
e ouvir tatit
ouvi tatit na rede
ouvir tatit na rede
na rede que sorrir
na rede que sorri
na rede que só ri
na rede que sorry
excusez-moi
só ri o tempo todo, a rede
o sorriso arreganhado que sua forma presa pelas duas pontas na parede faz
só ri o tempo todo, a rede
excusez-moi
na rede que sorry
na rede que só ri
na rede que sorri
na rede que sorrir
e só ouvir tatit na rede
ouvi tatit na rede
e fiquei com o desejo de ouvir mais luiz pra puder sorrir tatit

ou simplesmente rodopio
ou latumiu na minha cabeça cantando latumia
cantando achou achou achou
com o coro de latumia em que todos entoam
capitus julietas romeus paris montechios e capuletos comigo
Tatit...
Ele é...
Ele...
é...
rumo...
alguém total...



RESSINTO

Em ré menor

Recito
Recinto
Re-sinto
Re-sentindo
Ressentido
Ressinto
Rês



sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Obscena

ela
apenas enfiou deliciosamente o dedo no próprio rego
e tirou a calcinha (gozosa) do vão profundo


Varinha de condão

Como num passe de mágica fez...

Plim!

... e o que era desamor de rejeição virou um querer bem danado.

É guerra

Eu dormindo o sono dos justos...

pei pei pei
trotrotrotrotro
tatatatatatatatata
paractibumparactibum
paracatatumtumtumtumparacatata
dindindindindindindidnidin
brumbrumbrumbrum
powpowpowpowpow
uen on uen on uen on uen on uen on*

... e mundo se acabando lá fora.

Eu dormindo o sono dos justos...

paraçapenteuparaçapenteu
bacopingoubacopingou
batimacumbaieieie
obaobaobaobaoba
catingarragafun
iequetin iequetin iequetin
quetinguêlê

... e o mundo ruindo em ruído lá fora.

*sons das obras da reforma de casa.

sábado, 26 de janeiro de 2013

"Abre Aspas"

Que rio, que rego, que vala, que vale, que canal, que fissura, que brecha, que estrada há?
Que meandro se esgueira e se esconde por entre os sinuosos apóstrofos de um sinal de aspas?

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

pipa sem rabiola não avoa
sim pipa rabiola sem avoa
pipa sem rabiola avoa sim
sem avoa rabiola pipa não



Pontu(ação) - É isso e ponto

,,,
             ""             ""
                               (!)


            ?

:       ;;;
                                    ...

                                          /

                                                                     e . final

Conectivos, prefixos, preposições, sufixos, pronomes, artigos e outras coisas mais

(numa única respiração)

de a e pelo de o do em que uma quem um com no se para na qual por mas quiça te lhe la aço ão dessa eiro ado ador in ex pré pós entre pela ada eira tal aça íssimo ismo ália eça tão quanto até ora desse ali aqui acolá

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

As barbuleta tudo barbuleteando

avoa avoa avoa
baribuleta de asa vibranteira amarelada voadeira e avoadora
avoa avoa avoa



O ermitão

O bom ermitão nunca está sozinho
e se acompanhado está, está sempre acompanhado

"não mexe comigo
que eu não ando só
eu não ando só
eu não ando só
não mexe não"

Saindo do convívio com o mundo, experimentando do que há no fundo, na sozinhez, na vaziez, no olho do furacão, no caos

Banho de Chuva

com a saia molhada
com a alma lavada
silenciosa alma
luzida e ilustrada
alma arreganhada para o sol e para as estrelas e para a lua
alma alvíssima, cândida, brandíssima
solta alma solta numa pédagüeira só

só com saia enxarcada
só com alma lavada pra verter
porque o que um banho de chuva não rende numa alma
nada mais pode render

com a saia ensopada de água
chuva, chuvisco, chuvarada, chuvareza, chuvão
banho de chuva que ilustra a alma
água que engrossa e que escorre num rio de fazer contas no chão


domingo, 20 de janeiro de 2013

Desabação

Voz grave de trovão aceso
céu de chumbo que chora
ecoa
eco
eco

Raios e trovões, relampiano e luzindo tudo
guerra no ar, nuvens algarávicas, ruidosas falas
ecoa
eco
eco

Céu desatinado que precipita em desabação
água que engorda a vala que outrora o rio de fazer contas aninharia
ecoa
eco
eco

(Desabação. Chuvarada em Jequié.
Amarga lembrança da inundação que soube, que li ou ouvi dizer.
Medo de trovão, medo.
Cadê o lençol de tia Zezé?)


sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

surupemba

pococtha
pucutufi
lá dentro
bota a rabada que a pipa sobe, sobe

QUEM TEM FÉ VAI A PÉ


Salvador cidade franca e escancarada
família negra faz da calçada seu lar
pessoas morrem
mas a Fonte Nova não pára

Salvador cidade franca e escancarada
tem policia de turista
que enxota pedinte
mas tudo bem fumar umzinho no porto da barra

Salvador cidade franca e escancarada
onde beber e dirigir é crime grave
e o largo dos aflitos tem um milhão de policiais
mas não é bastante largo pra caber minha aflição
mas não é bastante largo pra caber uma aflição
mas não é bastante largo pra caber a aflição

Ladeira da Montanha

Eu nasci no cais
onde minha mãe vendia comida
Minha mãe morreu
e minha irmã vendeu tudo

Quem foi dona
não vira ladrona
Virei puta.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Tio Dio - Sol da Manhã

Ironia da vida
protocolo n° 1.535.578.
Saiu de cena assim.
Ninguém acreditou,
ninguém sequer viu.
Escondidinho à francesa,
pra ninguém chorar, nem ver, se doer.

Ele se ofereceu, reclamando, mas foi.
Amor de gente.

Fanfarrão e piadista e safado e irônico.
Barrigão e dicção.
Tio Zito, tio Dio, tio Nica.
Pai e filho de outras vidas.
"Meu lindo, sol da manhã, eu te amo para sempre."

Porque luzir é coisa de gente grande.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Dignidade

é ser como Tião Galinha
é saber dizer "Não!"
quando se é "obrigado" a dizer sim
porque às vezes dizer sim, implica em rasgar-se inteiro



domingo, 13 de janeiro de 2013

Imperative!

Fora!
Fora!
Fora!

Desatada Sangria pelo Contemplativo

Meândrico...
e contemplativo, fruindo por uma, ou duas, ou três dezenas de hora
o mundo que fica ardendo lá fora, diante da janela.

Impudico...
Emaranhando um rosário de entidades que atravessam uma sensibilidade
emprenhando de luz e de sombra
e de um belindezamor.

Caótico...
Escutando a virginiana que pulsa. Não escutando a virginiana que pulsa.
Pulsa e
Não pulsa.

Rico...
1. de grana ou sem grana, de amor, de beleza, de grandeza, de ais, de ardor, de subterrâneos desejos e devaneios e figuras e potências.
2. em aprendimentos.
3. em rir.

Ligando a tomada, abrindo a janela e escancarando a porta.
Desatando uma sangria retada pelo contemplativo.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

E-mail

Date: Thu, 10 Jan 2013 09:33:23 -0800
From: godot@yahoo.com.br
Subject: Nadeiras e Ninguendades do Mundo Cão
To: godot@gmail.com
CC: correria@msn.com; contemporaneidade@hotmail.com; naesferadaproduaodesimesmo@hotmail.com; atletismoafetivo@ig.com.br

Nada na Caixa de Entrada.
Evoé!
Um alívio de verão!

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Lambança Geral

Nas Serras das Gerais, onde adolesci, na rua de casa, no quintal, no quarto, na sala, na casa do vizinho e no topos que fosse possível: brincava-se até o perder da hora. Brincava-se de tudo: esconde-esconde, amarelinha, bate-manteiga, mamãe da rua, bandeirinha, vó, picula... infinitas festas, eternos ritos, sagrados jogos e profanas celebrações. Até de namorar brincava-se. A "exuberessência" da alegria. Uma lambança geral.

Partir-se

Amar-se a si.
Largar-se a si.
Deixar-se a si.
E sossegar...            Se.
Só cegar.              Partir.
Cerrar.              Cerrar.
Partir.            Só cegar.
Se.             E sossegar...
                   
              Deixar-se a si.

          Largar-se a si.

     Amar-se a si.
  E só.

Só.

Deixar-se a cargo de si mesmo.

Partir-se um pouco, todo, inteiro e partir um pouco mais.



domingo, 6 de janeiro de 2013

Dia de Reis

Oh de casa santO reis imbateu de pOrta em pOrta percuranO adOnde entrar percuranO gentileza e querenO casa dO divinO altar presépiO e meninO cahaça alemientO encOntrar Oh de fOra O brincante de reis o reiserO cai no chãO num rOdOpiO de peãO barraventO deixa a gira girar num transe sÓ SantO reis bateu Oh de casa de pOrta em pOrta percuranO aOnde entrar percuranO percuranO Oh

Oh de fOra

insider
Outsider

sábado, 5 de janeiro de 2013

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

ler é ato
amalgâmico
desalienante e progressivamente abrangente

Deu caixa

- Alô!
Alô!!
Alô!!!
TUM, TUM, TUM, TUM, TUM.


Entusiasmós

apenas 48 horas de farra
e já não tinha quem a acompanhasse tamanha desmedida

todos os desertores capotaram
dormiram
desistiram
pediram menos

e ela nem tonta ficou ainda
mas via as coisas brilharem
brilhos vibrantes que só