O que há pra hoje?

POESIA COLABORATIVA
Suor. Espaço de exercício poético e livre escrita...

domingo, 31 de julho de 2011

Aprendizado de artista

(ao bom sotaque pernambucano)

era um saber de uma imensa dificulidade de mediação.
Era um tal de um cunhecimento que dava dessas dificulidades que as escolas véa já são incapaz de minorar.
E era uma mão-de-obra danada de horrenda.
Precisava de ver...
Podia ter os melhores professores,
a maior carga horária de aulas quanto possível,
os recurso mais avançados...

...no fim das contas era ele apenas...

estava sozinho...

nessa vereda véa longa, a da auto-educação, a de aprender a aprender e a de aprender a criar.


Na foto: Dead Class do encenador Tadeuz Kantor.

terça-feira, 26 de julho de 2011

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Asa de cobra


Para o aniversário de Aroldo

Nem sempre Deus (se é que ele existe) dá asa à cobra,
Mas quando ele resolve dar... ele sabe exatamente o que tá fazendo.


sábado, 16 de julho de 2011

O quintal de tia Libina - ou - Manga verde com sal

Nas férias, o quintal de tia Libina era o céu deste mundo: Um pé de goiabas quase sempre bichadas – afinal nem o paraíso é perfeito – duas bananeiras gigantes que nos alimentavam no café da manhã, um pé de caju que completara doze anos de idade sem nunca nos dar um misero e azedo cajuzinho.

- Paciência, paciência. Cada um tem seu modo de se desenvolver no tempo. Cada árvore é única. Se não deu este ano é porque não era o tempo de dar. Vamos esperar mais um pouco, que aí quietinho ele não esta incomodando ninguém. Dizia minha tia, sempre que alguém a aconselhava derrubar o cajueiro.

Tinham também algumas flores que nunca decorei o nome e umas ervas que minha tia usava pra nos fazer chá quando abusamos dos doces e nos contorcíamos com dor de barriga. Tinha também lá no fundo, bem pertinho do muro, a maior mangueira que alguém poderia desejar. Nem baixa, nem alta. Tinha o tamanho certo. Não era suficientemente alta de modo que não pudéssemos colher sem perigo algumas mangas e nem tão baixa a ponto de não haver frutas intocáveis, que só de pirraça a natureza fez parecerem ser as mais bonitas e mais cobiçadas. Até as árvores brincam de fazer charme!

Meu companheiro de brinquedos na casa de tia Libina era Paulo. Um primo um pouco maior do que eu, que gostava de exibir suas habilidades acrobáticas, subindo com destreza nos galhos mais altos da mangueira, enquanto eu me esforçava em não cair e quebrar um braço.

Paulo e eu passávamos as tardes explorando aquele quintal-paraíso, brincando com todas as fantasias possíveis de serem imaginadas. Mas no fim da tarde, sem nunca faltar, acabávamos trepados em nossa mangueira, nos empanturrando de seus frutos deliciosos.

Paulo tinha um gosto que eu sempre achei esquisito, mas que era a preferência de toda casa. Ele gostava de chupar manga verde com sal. Escolhia as mangas mais robustas, com a casca mais lisinha sem nenhuma marca ou sinal de defeito, cujo verde quase amarelado chegava cintilar. Cortava um pedaço gordo da manga, passava-o no sal e com prazer e com careta devorava duas, quatro, seis, até oito mangas enquanto eu ainda estava no terceiro ou quarto fruto. É que gosto de chupar a manga toda, comer as cascas e sugar bem o caroço o que demanda mais tempo do que simplesmente cortar e devorar.

Outro dia Paulo apareceu por aqui, tinha visitado tia Libina e me trouxe um fardo de mangas verdes. Me pediu o sal, me contou dos seus flertes e amores e debochou do meu relacionamento com a mulher que embora ele chame de velha tem nossa idade. Ele queria me convencer de que gostoso mesmo era comer manga verde com sal. Coitado, ainda não sabe o sabor de uma fruta madura.



Corrida de prazer


Você querendo ir a Canaã e eu a Pasárgada
Quem chegará primeiro?





quarta-feira, 13 de julho de 2011

Procurando embriaguês

Cadê minha insensatez?
Quanta intransigência essa minha de mover apenas com os pés.
Quero voar!!

terça-feira, 12 de julho de 2011

É

esse vede esté eme merde...
que fezer?
fezes
ne fé!

Modos de forjar uma aliteração.

Antes

Antes dor, que ser oco.
Antes rumor, que ser moco.
Antes dar humor, que dar soco.
Antes arte, que nunca.




domingo, 10 de julho de 2011

Ordem

Me sugue

Me lamba

Me mande

Me arranhe

Me faça seu.

Me faça sua.

A ordem altera o resultado.




Teologia da prosperidade


Compara deus ao presidente de uma multinacional.

Não se intitula pregador mas televangelista.

Lincha publicamente símbolos de religiões distintas a sua.

Leva as ruas uma multidão cega e/ou fascista para impedir a proteção legal de uma minoria ( ou maioria, que nos revelem os armários)

Rege uma “Assembléia de deus” onde o discurso não é pelo povo.

Prega um deus horroroso segregador, manipulador, excludente...

Não.

O diabo não está nas ruas

Nos livros do INDEX

No desejo do homo afetivo

Nas praticas sexuais livres

Não.

Se existir

O diabo faz sua morada nos discursos de ódio.



Leve uma banana também social

Viva a banana social.
Fálica salvação pros momentos de dissabores que nos proporciona a claridade...
Viva a banana social abanadora...
...nos assombrando com sua luz.
Viva a banana social.
Doce prêmio da desditosa vida.
Viva a vida na banana social.

Oh, poesia...
...saída de Leveza!
Leveza!
Leveza!
Leveza!

sábado, 9 de julho de 2011

Eis aí


Quer saber?
Eis aí...
meu cú, meu corpo, meu eu.
Faça o que quiser!
Vá!
Não provocou?

Quer saber?
Eis-me aí...
humano como qualquer um.
Cheio de defeitos e desejos!
Vá!
Não foi isso que você quis?

Quer saber?
Eis seu destino...
o de ser só isso.
Um pobre desentendido.
Vá!
Siga seu destino!

Quer saber?
Eis-me aqui inteiro...
louco para que nos entendamos plenos.
Cheios de vontade de ser feliz.
Vá!
Me ajude a dar certo.
E se não der...
Deixe-me apenas um ADEUS!

Humildemente lhe peço.

Pêsames de autor

Oh, meus ais! Pobre de mim. Acabo de matar minha personagem. Triste pesar.

Lançamento na pista do suicida com medo da morte

Naquele dia X acordou com um mal humor horroroso. Levantou-se com dificuldade, o corpo todo lhe doía. O dia anterior tinha sido o mais difícil de sua vida. Vestiu um trapo qualquer. Não lavou o rosto. Não banhou-se. Não tomou café. Apenas bateu a porta e saiu. Parou no primeiro mercado. X ficou horas namorando uma faca Tramontina que estava na prateleira. Olhava o preço, um tanto salgado. Examinava a embalagem. Imaginava a faca em ação. É. X lembrou que o povo sempre dizia que as facas tramontina eram sempre muito boas. Lâminas fortes e afiadas. Talhe para qualquer natureza de carne. Fez. Comprou-a. Foi para a pista mais movimentada da cidade.
Na pista, executaria sua tão planejada e derradeira ação na trama da vida. Era um fim tágico, mas X havia anunciado tudo nos mínimos detalhes naquele dia anterior da maior danação.
Numa das calçadas, ao som dos motores dos carros que passavam, X tirou a faca da embalagem. Com carinho. Lentamente repassava cada movimento de seu plano funesto. Estava hipnotizado, sequer notava o movimento da pista, tinha olhos apenas para sua faca tramontina.
No momento exato do golpe fatal X titubeou. Respirou fundo. Chorou. Arrefeceu. Faltava-lhe coragem.
Triste com opróprio fracasso, com seu medo abissal, X viu, ao longe, uma grande carreta que se aproximava rapidamente.
Era isso.
Subiu no alambrado.
Lançou-se na pista.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Os paus de uma canoa

Com quantos Franciscos se cursa um rio?

E Com quantos Chicos se encanta uma Yolanda?

Com quantos Caetanos se acende uma chama?

Em quantos Gilbertos se decompõe a metafísica?

E o outro Gilberto, em quantas bossas se desfaz?

Em quantos Vinicius transbordam-se as morais?

Com quantas Clarices se invoca um espectro?

Com quantos Pixinguinhas se contém um choro?

Em quantas doses se embebeda uma dor?

Em quantas Cecílias se brotam primaveras?

Com quantos Quintanas se flutua a leveza?

Quantas pessoas dentro de um Pessoa?

Quantos Pessoas cabem numa pessoa?



quinta-feira, 7 de julho de 2011

A menina e a canção

A menina acordou inquieta. A noite fora-lhe um pesar sem medida. Sonhou a noite inteira com uma canção que se repetia... se repetia... se repetia... sempre repetia como uma onda do mar. Acordou desesperada. Foi até o computador. Antes de qualquer coisa. Selecionou a pasta Mônica Salmaso. Arquivo: Tonada Del Cabresteiro.mp3. Ouviu três vezes. Carecia voltar a sonhar.
A menina ganhou aquele dia do cão.
Tirou de letra.

Poema patético 2

Que barulho é esse lá fora?
É a felicidade cantando no pio
dos pardais cantadores, que inebriam os ouvidos fiéis.

Que barulho é esse lá fora?
É a dimensão que nos traga, o tempo que nos atravessa,
embalado pelo tiquetaquear fino da máquina de cuidar.

Que barulho é esse lá fora?
É o som leve e ritmado de minha respiração... e só.
Inspiro, expiro.

Que barulho é esse lá fora?
É o som dos estampidos no teclado da máquina...
do zunido que faz a geladeira para refrigerar...

Que barulho é esse?
Foi só o telefone que tocou.
Estridente e desagradável como nunca.


Ao modo Drummondiano

Qualquer coisa

Qualquer coisa arrumo minhas malas e vou-me embora...
ou abro o sorriso doce de escárnio...

Qualquer coisa grito, te ligo, te explico,
ou te conto uma coisa qualquer.

Qualquer coisa estou aqui, para qualquer coisa...

Qualquer coisa me dê a mão...

Qualquer coisa me procura... vou ter carinho em te atender...

Deixa estar...

Qualquer coisa a gente se lança de novo na vida...
cicatriza a ferida...
deixa nascer...

Qualquer coisa ficamos sem rumo,
procurando um bom prumo de um bom proceder...

Qualquer coisa... não sei... acho que a gente saberá o que fazer...

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Apenas isso...


Quero apenas desfrutar do teu tempo e atenção.

Quero apenas te dar um beijo.

Quero apenas usar teu corpo.

Quero apenas gastar teu dinheiro e decorar tua casa.

Quero apenas escolher com quais dos teus amigos você continuará se encontrando.

Quero poder apenas... fazê-lo esquecer tudo.

Apenas isso. Peço-lhe pouco. Basta que me de tudo.


A gangue

Ladrões como não existem outros,

Se diferenciam dos demais pelo método que empregam e pelo objeto do furto.

Ladrões do tempo.

Não de relógios, ampulhetas, cronômetros ou calendários

Furtam o tempo propriamente dito.

Essa coisa indissociável do espaço e que é palco de nossas vidas

(todas elas).


Ninguém nunca soube como procedem no furto,

mas o fato é que por vezes não dispõem de tempo algum,

estão duros, sem tempo para o que quer que seja

apertados e espremidos entre uma obrigação e outra.

E de repente,

não se sabe como

lá estão eles, riquíssimos

gozando de horas e horas

e tempos imensuráveis.

Boêmios.

Filhos de Baco.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Embriaguês

Queria embriagar-se.
E embriagou-se.
Ela embriagou-se! Num vinho tão leve e doce.
Vinho de sabor assim... é...
Pois bem.
Um vinho de sabor bucólico. Ficava encerrado numa garrafa amarelada não sei pelo quê.
Um rótulo poesia... que embalava a graça e a desgraçada, da danada da embriaguês.

A noite fora-lhe longa.
Cheia de hybris
de gracejos íntimos
de afagos fraternos
carinhos.

Ela e os outros embalados:
Cinestésicos amavam auditivos,
que amavam visuais,
que não amavam ninguém
ou amavam todo mundo.

(Pausa)

O despertador toca estridente.
Sobriedade!
Silêncio.
Escorreram, cada um a seu modo, embriagados.

domingo, 3 de julho de 2011

Quanto Carinho

- Quanto carinho!Quanto carinho!Quanto carinho é esse, benzinho?
- É só meu modo de sentir você.
- Vixe, mas é tão bom esse seu modo... aprendeu com quem, quem foi que te deu!?
- Ninguém me deu não. Nem é meu esse modo. É coisa que você inspira. Que você cativa.

sábado, 2 de julho de 2011

Fora do eixo

Não havia coluna nenhuma.
Era fora do eixo pela própria natureza.
Nada lhe dava termo, lhe dava equilíbrio ou chão.
Mas se mantinha ali... no eterno exercício de resistência...
sobrevivendo...
fora do eixo... fora do eixo... fora do eixo...
e cheio de reticências...
...