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POESIA COLABORATIVA
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sábado, 9 de julho de 2011

Lançamento na pista do suicida com medo da morte

Naquele dia X acordou com um mal humor horroroso. Levantou-se com dificuldade, o corpo todo lhe doía. O dia anterior tinha sido o mais difícil de sua vida. Vestiu um trapo qualquer. Não lavou o rosto. Não banhou-se. Não tomou café. Apenas bateu a porta e saiu. Parou no primeiro mercado. X ficou horas namorando uma faca Tramontina que estava na prateleira. Olhava o preço, um tanto salgado. Examinava a embalagem. Imaginava a faca em ação. É. X lembrou que o povo sempre dizia que as facas tramontina eram sempre muito boas. Lâminas fortes e afiadas. Talhe para qualquer natureza de carne. Fez. Comprou-a. Foi para a pista mais movimentada da cidade.
Na pista, executaria sua tão planejada e derradeira ação na trama da vida. Era um fim tágico, mas X havia anunciado tudo nos mínimos detalhes naquele dia anterior da maior danação.
Numa das calçadas, ao som dos motores dos carros que passavam, X tirou a faca da embalagem. Com carinho. Lentamente repassava cada movimento de seu plano funesto. Estava hipnotizado, sequer notava o movimento da pista, tinha olhos apenas para sua faca tramontina.
No momento exato do golpe fatal X titubeou. Respirou fundo. Chorou. Arrefeceu. Faltava-lhe coragem.
Triste com opróprio fracasso, com seu medo abissal, X viu, ao longe, uma grande carreta que se aproximava rapidamente.
Era isso.
Subiu no alambrado.
Lançou-se na pista.

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