E se a lágrima não quiser virar canção...
Oxalá queira
não vire um câncer.
Que vire um grito,
um sopro,
um ruído,
um caco.
E antes que
o olho entre no Estio,
e os motivos lacrimosos também..
que a vida floresça!
Que a vida floresça!
O que há pra hoje?
POESIA COLABORATIVA
Suor. Espaço de exercício poético e livre escrita...
Páginas
domingo, 31 de março de 2013
sábado, 30 de março de 2013
O que é que é isso? What is this?
- Nem uma cabana
- Nem uma fôrma de sorvete
- Nem a tarracha de um violão
- Nem a tampa da garrafa do produto de limpeza
- Nem um falo, uma pica vermelha
- Nem um megafone
- Nem o diabo, diablo rojo
- Ou é o pop que não emplacou ou um objeto não identificado
De bruços
De bruços...
E as intimidades tocando a terra, o mundo, o cosmo todo.
Na terra, em penetrações.
Na esfera de fecundações intensas.
E as intimidades tocando a terra, o mundo, o cosmo todo.
Na terra, em penetrações.
Na esfera de fecundações intensas.
Ouvindo o tempo
muitos pássaros
cantam, gorjeiam,
piam, assobiam
sinfonia de pássaros
canários,
sabiás e bem-te-vis
rouxinóis e
assum pretos
no quintal avarandado
na rede
ouvindo o tempo
o tempo passar
ócio e criação
cantam, gorjeiam,
piam, assobiam
sinfonia de pássaros
canários,
sabiás e bem-te-vis
rouxinóis e
assum pretos
no quintal avarandado
na rede
ouvindo o tempo
o tempo passar
ócio e criação
ansiar
(na casa do vizinho)
um bebê chora
grita
esperneia
desesperado
um bebê chora
um bebê chora
um bebê chora
grita
esperneia
desesperado
um bebê chora
choro de calundu
choro de colo
de cacorê
birra
no tempo poético do ininterrupto
de um tempo poético que é ininterrupto
e é uma sabedoria lidar com o tempo ao invés de ser refém do tempo
no tempo poético do initerrupto
de um tempo poético que é ininterrupto
e é uma sabedoria lidar com o tempo ao invés de ser refém do tempo
(na casa do vizinho)
um bebê chora
choro de faniquito
choro de piti
de lambança
de confusão
choro de colo
de cacorê
birra
no tempo poético do ininterrupto
de um tempo poético que é ininterrupto
e é uma sabedoria lidar com o tempo ao invés de ser refém do tempo
no tempo poético do initerrupto
de um tempo poético que é ininterrupto
e é uma sabedoria lidar com o tempo ao invés de ser refém do tempo
(na casa do vizinho)
um bebê chora
choro de faniquito
choro de piti
de lambança
de confusão
um bebê chora
choro de calundu
choro de colo
de cacorê
birra
choro de colo
de cacorê
birra
vezes intermitente
vezes ininterruptamente
parou
Imensa longilínea
Perfil:
uma Olívia Palito
Cara de gente que não tem cor
coisa aguada
insossa
cor de nada
cor de flictis
uma cor sem cor que tão sem cor
nem cor tinha
flictis
Se considerava viciada,
nunca havia fumado,
mas achava-se.
A fumaça,
o cheiro
impregnavam-na
e por contágio
se achava fumante
fumante
Acordava todo dia e religiosamente
se perguntava
um punhado de três ou quatro coisas diante do espelho
e depois pensava:
Porque há algo ao invés de nada?
se maquiava
compunha-se com uma base excessivamente branca
que intensificava aquele
natural ar fantasmagórico
uma mulher
cheia de sacolas de boutique e de grife,
e que curiosamente carregava essas sacolas repletas de limões.
Limões apenas.
Ela passava os dias
visitando as lojas
curiando vitrines
bisbilhotando
e não comprando nada.
Era com isso, apenas, que se ocupava
a única coisa que ela fazia
era perambular pelas lojas
.
vivia a reboque disso
dias (in) úteis
domingos e feriados
uma mulher só
uma figura absolutamente só
cheia de nós pelas costas,
de rabugices, tiques e sandices:
tinha nojo de tomate, de comida, de alface
pensa que veio da terra e tem nojo
magra esquálida, raquítica
Olívia Palito
magra de ruim
fazia sempre tudo de limão
dieta de limão
limão noite e dia
fundamento da dieta limão alimentar
- limão metódico-
limão tira CC
purifica o sangue, o limão
era preciso comer o bagaço do limão
o bagaço do limão
o bagaço
era preciso ser séria, ser sincera
ser sincera com aquilo que se fazia cotidianamente
e ela era
vagava, perambulava, á deriva pelo comércio
Arrumava-se sempre como se estivesse
indo
pra um evento de gala
pegava as sacolas de limão
e punha-se na rua a farejar por entre as lojas
passava as horas, os dias,
visitando todas as lojas do velho assediador centro da cidade
procurava um algo
algo, uma alguma coisa,
uma coisa importante, importantíssima
coisa (F)útil, coisa prática
coisa que sabia, mas não sabia dizer o que era
e, portanto, não havia vendedor que pudesse ajudar
sempre assim, nunca tinha esse algo,
nunca ninguém tinha essa alguma coisa
e a mulher, imensa longilínea, passava os dias
numa busca incessante por essa coisa que nunca se encontrava
e passava os dias visitando as lojas
e na busca
e procurando
e faminta
aquilo que ela queria, ou que achava que existia
e em vão
sem nunca encontrar
nos seus olhos se via que ela
verdadeiramente
estava procurando alguma coisa
e agia como se realmente acreditasse nessa busca
na existência dessa coisa
alguma...nenhuma
mas com passar dos dias,
repetidamente, visitando aquelas lojas no centro da cidade
quem observava constatava
uma falta de sanidade, de equilibração,
de dor cotidiana, dor diciplinar
aquela mulher tinha um não sei o quê que ninguém tinha
dona de uma vida que era outra coisa
de uma vida que era vida
mas não era vida entre nós
uma vida bolha
ela estava ali, mas não entre nós
Mas naquele dia...
Sim, houve um dia...
Naquele dia
ela não acordou com a mesma disposição
e o tempo parou
é como se a engrenagem da existência tivesse
ruído, fissurado, cindido
pelo martelar cotidiano
e não foi pra rua
Não foi
ou não queria ir
E a rua toda silenciou
sentindo a falta dela
o comércio ficou mais triste
ninguém sabia como agir
o cara que atendia na loja
perdeu-se entre fazendas e matizes
a mulher que a enxotava
ensimesmou-se
o cachorro que corria atrás dela, quando ela passava
aquietou-se
as beatas que comentavam: - "ela é louca, é louca"-
imolaram-se
o carteiro, o bicheiro, o indigente
a rua, o hidrante, o chão,
tudo sentia
(res)sentia a falta
e como se nada fizesse mais sentido algum
a mulher olhava em volta e sentia que era tudo e não era mais ela mesma
era a pia do banheiro, a torneira da cozinha, a porta da sala, o cadeado do portão
tudo menos ela
que a mulher não estava mais lá:
amalgamou-se
havia perdido a dimensão de si, o tamanho de si, a medida da própria alma
havia ela mesma se tornado coisa,
chão, poeira, tomada, tudo
e para sempre desapareceu
coisificou-se
não se distinguia mais de nada,
nem de ninguém
era um nada.
e se ela não estava ali, onde ela estaria?
no estado primitivo tudo é presente
desapareceu apenas,
sem mais nem menos,
nem mais era,
nem mais havia
E foi dada como morta.
"a cidade se quedou paralisada", buarquianamente,
em luto
e tudo que a desprezava se dava conta da falta dela
as lojas do comércio fecharam as portas
no dia em que todos constataram
a desaparecença
agoniada estava
e desde então agoniadas estão as coisas
as coisas todas
desde sempre e quase nunca.
domingo, 24 de março de 2013
sábado, 23 de março de 2013
sexta-feira, 22 de março de 2013
Estacionado, vírgula
Evitava , vírgula , vírgula , vírgula,
que pra fazer poesia,
rasgaria tudo por dentro,
e não queria, e não queria, ou queria,
e se queria não sabia,
ou não sabia querer,
o fato é que saía,
e saía, é, saía, e saía,,,
jorrava tudo que é poesia,
que sangrava tudo por dentro,
hemorragia, hemorragia, hemorragia,
sintoma de bem querer.
Ele evitava , vírgula , vírgula , vírgula,
mas não parava de escrever , , ,
que pra fazer poesia,
rasgaria tudo por dentro,
e não queria, e não queria, ou queria,
e se queria não sabia,
ou não sabia querer,
o fato é que saía,
e saía, é, saía, e saía,,,
jorrava tudo que é poesia,
que sangrava tudo por dentro,
hemorragia, hemorragia, hemorragia,
sintoma de bem querer.
Ele evitava , vírgula , vírgula , vírgula,
mas não parava de escrever , , ,
domingo, 17 de março de 2013
... a insustentável leveza do ser.
saber ser amado é uma arte.
carece de escuta,
sapiência
e leveza no olhar.
carece de escuta,
sapiência
e leveza no olhar.
domingo, 10 de março de 2013
Prazeres
Tudo posso
Algumas coisas me engordam
mas tudo posso
Algumas coisas dão ressaca
mas tudo posso
Por algumas coisas perco os prazos
mas tudo posso
Por alguns prazeres de muita coisa sou capaz
mas tudo posso
e se não posso
que é poder?
Algumas coisas me engordam
mas tudo posso
Algumas coisas dão ressaca
mas tudo posso
Por algumas coisas perco os prazos
mas tudo posso
Por alguns prazeres de muita coisa sou capaz
mas tudo posso
e se não posso
que é poder?
sexta-feira, 8 de março de 2013
De si um nó
(Em Si menor)
De si, sei esse pouco
De si,
Diz sim,
Diz só,
De Sol a Sol,
De mim, só
Digo o que sei.
Digo, se é que sei.
Do que se sabe, o que se sabe
De si,
De fato?
Disse?
De si, sei esse tanto
De si no entanto
Digo que sou sim, só
Diz-me e
Dê-me a mim o sol.
De todo sol prevê-se um dó.
De quantos sóis se faz um uno nó?
De prematuro ou bem vindouro caso
Douro o caso
Do rompante neste casulo
De si se sabe o fato?
De si, sei esse pouco
De si,
Diz sim,
Diz só,
De Sol a Sol,
De mim, só
Digo o que sei.
Digo, se é que sei.
Do que se sabe, o que se sabe
De si,
De fato?
Disse?
De si, sei esse tanto
De si no entanto
Digo que sou sim, só
Diz-me e
Dê-me a mim o sol.
De todo sol prevê-se um dó.
De quantos sóis se faz um uno nó?
De prematuro ou bem vindouro caso
Douro o caso
Do rompante neste casulo
De si se sabe o fato?
mim e si, sós
fizemos outro só
no mundo
fizemos outro só
no mundo
Por um fio
- Não, nem é desapego. Mas se ele se for assim, tão fácil,
na primeira oportunidade é porque nem era.
E como o que não tem remédio remediado está,
me rasgo por dentro e viro a página.
me rasgo por dentro e viro a página.
quinta-feira, 7 de março de 2013
Não tenho as respostas. Não tenho as respostas. Não tenho as respostas.
Também estou a querer sabê-las,
Também estou a querer sabê-las,
Nem sou mulher maravilha
Mulherão feito
Ou essa matéria de gente
Que sabe o que faz e pro que veio
Sou matéria comum
banal
gente qualquer
qualquer brasileira
qualquer brasileira
que como eu há 10 outras melhores
E nem vou pedir desculpas
Porque não é culpa
O que compõe a minha incompletude
Plenitude, plenitude, plenitude.
Plenitude, plenitude, plenitude.
segunda-feira, 4 de março de 2013
Cunhã
Na casa de cunhã
Come-se um peixe fresco dum tempero de sabor sem precedente.
Na casa de cunhã com outras cunhãs, todas cunhãs
cunhazando as tardes, cunhazando os dias
tem Apolo servido na mesa, brômios, compotas de doce e de água
e de água que passarim não bebe
Na casa de cunhã onde cachaça doce se adoça com abacaxi,
abacaxi que, creio, tenha vindo de Irará
e as surpresas de conquista dançam o coração
Na casa de cunhã tudo está servido, de cachaça pink abacaxi
a chama de uma flor
e tem diáspora, e gracilianos, e tese/jogo, e partidas, e ai se sesse, e fotografias, e sombras, e cânones, comes e bebes e beijos
na casa de cunhã, com tudo que é cunhã, tornei-me cunhã também...
Uma casa brasileira com certeza, uma casa brasileira.
Come-se um peixe fresco dum tempero de sabor sem precedente.
Na casa de cunhã com outras cunhãs, todas cunhãs
cunhazando as tardes, cunhazando os dias
tem Apolo servido na mesa, brômios, compotas de doce e de água
e de água que passarim não bebe
Na casa de cunhã onde cachaça doce se adoça com abacaxi,
abacaxi que, creio, tenha vindo de Irará
e as surpresas de conquista dançam o coração
Na casa de cunhã tudo está servido, de cachaça pink abacaxi
a chama de uma flor
e tem diáspora, e gracilianos, e tese/jogo, e partidas, e ai se sesse, e fotografias, e sombras, e cânones, comes e bebes e beijos
na casa de cunhã, com tudo que é cunhã, tornei-me cunhã também...
Uma casa brasileira com certeza, uma casa brasileira.
domingo, 3 de março de 2013
Artesão de si
(Para Fábio Vidal)
artesão de si mesmo
artista atento
tece e rompe casulos
se faz e refaz
na presença inteira
e na aprendizagem
sábado, 2 de março de 2013
De como uma decepção torna-se canção
e quem diz que não compreendo
não compreende nada de como realmente entendo, de minha cosmovisão
e quem diz que não faço nada
não sabe nada do que eu faço
e quem diz coisa demais
anda dando "bom dia" a cavalo
ou dando com a língua nos dentes
e fodam-se as línguas de trapo do mundo todo
e enquanto falam mal de mim nos corredores
invisto os meus dias na tessitura do lavoro
na esfera da produção de mim mesmo
"e só tô beijando o rosto de quem me dá valor
pra quem vale mais o gosto do que cem mil réis"
não compreende nada de como realmente entendo, de minha cosmovisão
e quem diz que não faço nada
não sabe nada do que eu faço
e quem diz coisa demais
anda dando "bom dia" a cavalo
ou dando com a língua nos dentes
e fodam-se as línguas de trapo do mundo todo
e enquanto falam mal de mim nos corredores
invisto os meus dias na tessitura do lavoro
na esfera da produção de mim mesmo
"e só tô beijando o rosto de quem me dá valor
pra quem vale mais o gosto do que cem mil réis"
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