O que há pra hoje?

POESIA COLABORATIVA
Suor. Espaço de exercício poético e livre escrita...

quinta-feira, 31 de março de 2011

CIÚMES

- Enquanto os deveres de esposa submissa clamam por suas mãos e sua mesa, quero ser revolucionário em teus quadris.

- Fujam livros, escondam-se amantes ele vem, e quer comer-me.
- Mulher, escrava, dona do lar, senhora submissa, costela extraída da perfídia do homem.
-Careço da poesia dos loucos de bordéis errantes. Quero ébrios falantes, bufões e bufonarias, a oblação involuntária da língua
- O que tu queres é o consolo ralo de uma barriga cheia para que torne aos suaves amantes! AHHHHH!!!!!
- Não faça disso um espaço de escárnio e lodo. Oh ébrio! cala a tua dor.
-Enlouqueço,enlouqueço.Ruídos, gemidos roucos, desejos ardentes vontade veemente! Enlouqueço por não mais suportar. Ardo em dor por teus prazeres múltiplos.
-Ébrio! Oh, ébrio disfarçar a tua dor.
-E o que são vós?
-Fome de prazer sempre latente, um comovente encontro lascivo, espaços de putaria. É prazer!!!!

- Teus outros prazeres me talham, irrompem com ímpeto minhas entranhas, meu oco centro do mundo.

Dessa abertura estreita

dessa sede infinita

desse querer constante

saborearei tudo

todo jorro esguichado com força.


Vem com tua sede seca

Bebe a sopa doce da minha concha

acre sopa de meu desejo

Lamba o doce falo carnudo de minhas tórridas sensações

orgia de sentimentos, sopas, leites, cuspes

e que a polpa dos meus seios te alimente

mas que jamais te sacie.


Refestela.

Eu juro que ainda nos comeremos, que nos possuiremos. Que seremos

um no outro.

Juntaremos nossas sedes, nossos vontades, nossos gozos, nossos

néctares.

Nos amalgamaremos bêbados de nossas águas e diremos, então :

" ...

...

?

?

?"


GROTESCO

Paralisar de manhã
Estar cedo na ponte
Ser ponte
Taxar ponte de sublime
pra ver uma poesia de escárnio.

DIÁLOGO COM O MUNDO - pecado 01: fúria

MUNDO: Que fazer quando a fúria toma alma e sai pelas ventas dos poros?

HOMEM: Mundo, explodi dor, e gritei à derme que gira as montanhas mais distantes, que o coração caminha mal por veredas irreconhecíveis, e que não são poucas as lágrimas que rompem face como mais bruto cristal, revestindo a amplidão das coisas.

MUNDO: Que fazer quando a fúria toma alma e sai pelas ventas dos poros?

HOMEM: Mundo, há uma realidade, cada vez mais caduca e afixionada pela sufocação, pela suplantação de segredos constantes sobre os desejos reais dessa cidade. Cidade que aparece desnudada frente aos olhos de quem a assiste.

MUNDO: Que fazer quando a fúria toma alma e sai pelas ventas dos poros?

HOMEM: O trovão... símbolo maior da entrega, do desespero, rege o homem nestas circunstâncias. Sangue que ferve. Um fevor em em ebulição que corre por veias, artérias e vasos... o pulso: mais.

SOM EM OFF: o tempo... o tempo... o tempo.... o tempo... o tempo...

HOMEM: Coração, regula o organismo desregulado, conserta o corpo desconcertado, estabiliza a desmedida de fé. Coração, re-sintoniza minh'alma de toda essa disritmia... Ufa!(outro tom) e depois de um tempo... depois de um tempo a realidade das coisas volta a ser quem era: uma tranqüila e senhora dama, vestida em trajes brancos, com laço de fita, lenço de xita e rasteira no pé... sobre um mar calmíssimo... de flores azuis... poucos espinhos.

Das possibilidades de ser intenso

ser um orificio o orificio, que desejo.
O entre-lugar do extase e da saciedade.

Ser um orifício... um orifício de desejo
Prazer vivíssimo, gozo íntimo; enlevo; pasmo.

Ser um orifício....hummm que desejo... passarem os dias penetrados

Ser um orifício... Ser um orifício, que desejo
Ofício do que é oco: enche-se de gozo.
lambuzar-me do que foi por mim provocado

ser os vazios todos do mundo
ser e estar vazio
para além de oco, profundo.
orifício no oco do mundo
e todos os prazeres explorados

Um Orifício

ser um orificio
ser um orificio, que desejo.
O entre-lugar do extase e da saciedade.

Ser um orifício...
Ser um orifício, que desejo
Prazer vivíssimo, gozo íntimo; enlevo; pasmo.

Ser um orifício....
Ser um orifício, que desejo...
De ver os dias passarem penetrados
Penetrados de consciência da própria pele

Ser um orifício...
Ser um orifício, que desejo
Ofício do que é oco: enche-se de gozo.

Ser um orificio...
Ser um orifício de aspirar desejos
lambuzar-me do que foi por mim provocado
ser os vazios todos do mundo
ser e estar vazio
para além de oco, profundo.
o profundo e oco orifício do mundo.



Sou tudo que não cabe em mim,
que salta os olhos e que voa mais alto que os pensamentos
sou tudo que morrendo não morre
que vazio é repleto,
sou tudo que me componho e nada que me desfaz....
Sou aurora, ocaso e acaso,
sou luz e quero LUZ.
Sou pés que andam,
que maltratam as pedras
que levantam poeira
que vertem suor,
sou carrancudo,
birrento,
gente andarilha que só quer viver.....
sou qual pó estrada da vida!

A vida acontece…

Ela urge, bisbilhota nossa impaciência e incertezas.

Mas como?

É possível que ela aconteça quando a alma está de muletas, casada e sem ânimo?

Sim! Não conteste!

A vida acontece e não te pede a liberdade de passagem, à porta aberta, a alma de prontidão

Acontece pra mim, pra você, nas ruas, nos becos sórdidos, nos botecos sujos, nas alcovas em convulsão...

Enquanto tu remóis os ais do choro de ontem, a vida acontece, o mundo caminha, o aluguel vence, a privada entope, os amores dissolvem-se, a puta corre, os “viados” morrem, a causa dorme, a sombrinha gira, o tambor agita, a gente ferve, os estudantes entorpecem, a república aquece-se...

Não disse: a vida acontece!

segunda-feira, 28 de março de 2011

Ouviram de Poetain'blog

Quero saber com quantos metros de poesia me componho em eufemismos.

O eufemismo, metro curto, cabe na poesia?
ou toda poesia é hiperbólica?
gigante pela própria natureza?
hinos, sons de glória?
gritos que o silêncio não ultrapassa?

Porque não desanuviar a mão do poeta?

O eufemismo é o grito do bardo.
é o grito do Poetain'blog

E,
o que escapa à academia,
o que é escarnio, o que é lixo
tem cabencia de (que) sobra na poesia

.

E você me marcou um ponto
com a ponta do dedo
E me reticenciou inteira

Dedo de varinha mágica.


Fiquei espalhada,
aos pinguinhos,
Por todos os poemas de amor.







Cozinhando Tempo

O tempo arde.
Cada dia é um dia mais tarde.

Um segundo: uma fornalha.
Calor intenso.

Ai, agonia!
Ver o tempo (p)assando.





#P(risão)#

Então ela riu, e seu riso foi arranhado pelo aparelho que traz pra ajeitar os dentes. Saiu um riso quadriculadinho, que me envolveu num xadrez em cor-de-branco-e-boca.

Xadrez mesmo, daqueles que prendem a gente.


Minha jaula: #o mundo todo#, do riso dela pra dentro.

sábado, 26 de março de 2011

Aparências de Amor

Parece que sempre amei errado.
Ou, então, de fato, nunca permiti que o amor, tocado no outro,
desnudasse a alma, revirasse o corpo, me tomasse pelo avesso, e...
...revelasse a mais intima parte, toda ela, da qual fujo, e sou.

Meu coração em festa


Um salão em festa é o meu coração:
a música está tocando
e Bailando, reggaeando,se expressando na dança
estão os meus sentimentos.
As paixões que sempre querem ser vividas dançam no centro;
Ódio e desejo se cumprimentam;
As impotências e as realizações pairam num eterno flerte;
E é festa!
Medo e coragem dividem a mesma mesa e compartilham o mesmo copo.
A tranquilidade contempla a felicidade de ir e vir
e indo assim, numa infinita dança meus sentimentos ou se devoram ou trocam carícias.


Meu amor vive escondido
quase nunca se mostra
resguarda-se da superfície
pra dentro é que se move
Meu amor está guardado
em fiapos de memórias
mas ele dói
Dói, dói, dói
um doer de impulso e de desejo
de não permancer, de amar sem doer.
Coração em festa

Aguaceiro


As nuvens desabam
A água não se sustenta no céu
umidece a telha
sulca o chão
rompe calha
ensopa corpos
revira asfaltos
faz correnteza
enche casa
mareja olhos...
Frescor de outono
Prenúncio de verde paisagem.


sexta-feira, 25 de março de 2011

Didática de invenção: poesia de amor

- Amar de tudo um pouco! - decretou o poeta.
- Há coração que suporte tanto amar? - inquiriu o aprendiz de poeta temeroso pela resposta.
- Sem amar é que não suporto. Mas é assunto assombroso. Não se fala de amor em poesia. Falar de amor em poesia é tarefa vã para os poetas imberbes, é assunto apenas para bardos experimentados. Melhor trilhar outros rumos que falar de amor. Poesia de amor é desvio dos ignaros poetas jovens.
- Quimera vil, meu ardoroso poeta. Por isso meus versos soam pobres?
- Começar pelos descomeços. Escrever sempre pelos cotidianos. Falar de amor é tarefa que carece estrada. Exige soltura. Árduo demais para um aprendiz.
- E em natureza de metalinguagem?
- Talvez. Caminho possível.
- Bem, já tenho então minha primeira poesia de amor.

Leia-se, cumpra-se, publique-se.

terça-feira, 22 de março de 2011

Poesia de Quintal

Era assim
No quintal de Vó Elza... - Eita, mãezona rabugenta!
... havia um pé de siriguela e parque e brincadeira.
Um pé de brincadeira com raízes invisíveis e escondidas e famintas.
Suas raízes comiam sabores alucinógenos de criança que entorpeciam primos e primas em folguedos.
Raízes que retronutriam crianças brincantes, trepadas em galhos frágeis e fortes e torpes.

Era assim
No quintal de Vó Elza... - Eita, mãezona rabugenta!
... havia um pé de pinha e frio e morto e misterioso.
Um pé de morte com raízes famintas e grandes e para fora e que queriam tomar todo o quintal, serpentinamente.
Um pé de pinha morto. Tinha sido plantado por vô Renato, que desde que nasci era também morto, e por isso talvez fosse o pé de pinha também morrido e enigmático e de raízes/serpentes/túmulo.

Painho, um dia quis enfrentar a morte do pé de pinha.
Painho fez o balanço.
Fixou o balanço no galho horizontal mais forte (bíceps do pé de pinha).
Era o florescimento da vida na morte daquele pé moribundo. Festa!

Na inauguração do balanço... Na inauguração da brincadeira... Senti-o. Sentei.
Voei tão tão tão tão alto. Tão alto, tão alto, tão alto.
Queda.
Caímos, o braço do pé de pinha e eu.

Quedou o braço mais forte do pé defunto de pinha.
O pé de pinha (morto), filho de vô Renato (morto), recusou-se a brincar...
Recusou-se a brincar para sempre.

terça-feira, 15 de março de 2011

Estomago - volume 2 (ou Boca)

Eu te degusto toda...
Te gosto.
Meu gostar é do gosto do gozo;
Teu gosto, em gotas me cai.

Tuas águas minhas.

Transbordamentos, vexames.
Tanta maré vazando
derramamentos amorais.

Te degusto toda,
te sorvo
Num liquefeito delírio ginecofágico.

segunda-feira, 14 de março de 2011

VIVER.,,
voar sem saber usar as asas,
nadar sem barbatanas,
se defender com armas produzidas pelo medo,
passar a perna no tempo
e sentir.

VIVER.,,
beber água gelada em dia quente
saborear o doce do que ainda não foi tocado pelos fetiches (e do que já foi)
saboregozar uma mulher perfumada
namorar na rede e
gozar numa orgia gastronomica.

VIVER.,,
arrumar a casa e ouvir música
saber ser mais facil arrumar a casa do que a vida
saber que é melhor chorar
do que prender magoa
e chorar

VIVER.,,
porque hoje é segunda
porque sempre há uma segunda chance
porque existem os amigos e os encontros
porque o vinho embriaga
e viver é um dom.

quarta-feira, 2 de março de 2011

REEDITANDO AUTORIDADES

Aqui os poemas não são tributados.
basta passar e arejar pensamentos
Com a antropologia e a "cibernética" de Gil se faz poesia colaborativa...
e fica um segundo suspenso das concepções de propriedade, autoridades e autoralidades...
mesmo depois de completada a edição.