Depois de uma noite lúgubre de vinhos e outros entorpecentes,
o poeta decoroso, num intento insano de retomar sua embriaguez,
escreve um poema, desarrumado, desalinhado, caótico,
chamado "Constatações Luminosas"
com todas as idéias que lhe ocorreram na noite anterior,
ei-las:)
O medo da primeira ação, é sempre medo maior.
O medo da rejeição é medo perene, pressuposto.
Não tenho o traquejo da noite.
Quero um raio! Um raio que parta o povo!Que abra a cabeça dessa gente!
Com quantos "s" se faz um desassossego?
Então viver é isso? Abandonar o discurso e atuar a simplicidade.
Essa história de mulher resignada, me corta no músculo, me empola, me enoja, me faz ter um asco vil.
A moral é uma grande pedra (embora transponível) que colocaram em minha frente.
Vejo tudo no mundo como num velho livro lido dez vezes.
Deixa-me livre! (apenas às vezes)
Ode à melancolia, a canção mais gloriosa.
Sou do São Jorge que dança e faz dançar, dos santos e deuses que dançam. Eis meu panteão.
Não é permitido domesticar! ou domesticar-se!
O "Ou não" - depois de qualquer constatação, é sempre meu conforto.
O outro é, sempre, outra coisa. Mas tem gente que vive errando, tomando o outro por si.
(Depois de tomar nota de todos os lampejos que lhe ocorreram naquela noite de arruaça, redenção e danação, o poeta morreu, feliz de ter parido sua obra prima: um inventário de constatações luminosas).
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