Eram dois cartoons. Eram dois bonitos, soltos na vida, cabelos cacheados, dourados cheios de fios zigzageando as cabeças pesadas. Sim, as cabeças pesavam aos dois... tinham esse senão: a cabeça não lhes estava em proporções com o resto do corpo. Era impressionante, as cabeças pareciam medir quase que o tamanho do resto do corpo inteiro. O desalinho provocava admiração a quem os via. As cabeças grandes e pesadas dificultavam o equilíbrio. Impossível manter a cabeça no lugar, de modo que as cabeças sempre estavam no mais das vezes quedadas ao chão sobre uma almofada confortável - para não machucar. Mas não ter a cabeça no lugar era sinônimo de solidão. Como não tinha a cabeça equilibrada sobre o pescoço não conseguiam manter um diálogo, uma comunicação. Não era possível aos dois entender-se nunca. Parecia pastelão de circo pobre com palhaços frágeis. Quando um estava com a cabeça equilibrada, estava o outro arrastando sua cabeça no chão. Era difícil manter as duas cabeças no lugar ao mesmo tempo. Era necessário um malabarismo tremendo de ambas as partes. Não era fácil conseguir. Manter as duas cabeças no lugar e além disso conversar... Impossível!
Tudo parecia muito difícil naquela situação. Olhavam-se sempre com ternura, mas, no fundo, sabiam: nunca poderiam dividir a mesma idéia juntos.
E até hoje continuam juntos e repetem-se as retóricas perguntas:
- Será que não? Porque não?
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