Estava só de corpo presente naquela tediosa sala de conferência. Meus pensamentos estavam na praia, nas montanhas e na escolha de onde passaria o próximo feriado.
Ouvi, então, a primeira frase:
HOMEM: A LIBERDADE SE CONSTRÓI NA RELAÇÃO COM O OUTRO”.
Aquelas palavras tragaram-me com a força das nuvens e me lançaram violentamente na última cadeira daquele auditório.
E não era tudo!
Seguiu:
HOMEM: a convivência livre dos juízos de valor, e sem tentativas de rotulações e enquadramentos é a única forma de viver realmente livre. Sendo a liberdade algo que se constrói na relação com o outro. é no exercício de comunicação e na prática da alteridade que melhor se gestão as normas de existência e bem viver.
O que era aquilo que aquele homem estava falando? Ainda consegui ouvir mais algumas de suas idéias e a cada frase sua fui sentindo um entendimento das coisas.
HOMEM: ...observando nosso tempo e suas contradições, fica claro que a atual forma em que nos organizamos não garante o bem viver para a maioria das pessoas. Ao contrário, os princípios de organização que normatizam nossa sociedade são pautadas numa dês-razão opressora das liberdades humanas e degradadora do espaço em que vivemos”.
Dês-razão?
Vivemos pautados numa dês-razão!!!!
HOMEM: Ao invés de posturas pessimistas e conformistas é necessário a ação e a consciência de que “nenhuma realidade é imutável”, “toda ordem pode ser invertida” e que “outras realidades são possíveis de serem construídas”.
Ao terminar de falar esta última frase o homem vestiu uma saia longa rodada, pesou a mão num batom vermelho sangue, calçou um salto plataforma e saiu desfilando, flutuando e em silêncio do auditório. Todos apenas acompanhávamos aquilo: aquele homem rebolando livre.
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