O que há pra hoje?

POESIA COLABORATIVA
Suor. Espaço de exercício poético e livre escrita...

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Meu benzinho - um escroto de marca maior


Meu benzinho era assim...
avesso.

Não gostava de me ouvir cantar achava minha voz estridente,
nem de ler minhas poesias gostava, as julgava pobres... aquelas escritas no velho e pequeno caderninho azul.
Não gostava de me ver em cena, soava sempre canastrão, desmedido.
Não colocava fé nenhuma em minha dança - me julgava desengonçado - qualquer parceiro era um parceiro mais altivo.
Não suportava me ouvir falando de filosofia, da arte, ou do cotidiano - parecia sempre um discurso hermético e demasiado confuso.

Meu benzinho era assim...
avesso.

Se eu abria um vinho - era um beberrão,
se a vida estava tediosa - reclamava de barriga cheia.
Se eu comia muito - estava gordo,
se eu comia pouco e praticava exercícios - estava mentindo pra mim mesmo que conseguia emagrecer.
Se me entorpecia - era fuga, me julgava fraco para dirimir os problemas.
Se eu resolvia os problemas - podia ter feito de outro modo, mais inteligente, mais econômico, menos trabalhoso.

Era esse todo o desalinho: uma falta de querer bem, uma falta de tudo.

Chutei o pau da barraca, meti o pé na porta:

Mandei o escroto tomar no cu, se fuder e dar conta de sua própria vida.

Dei um pé na bunda de meu benzinho e fui viver minha vida, leve como pipa, como pluma.

3 comentários:

  1. sinto que eu poderia ter escrito isto! ou algo parecido, adorei! " fui viver minha vida leve como pluma"

    ResponderExcluir
  2. nossa muito bom,me indentifiquei com esse poema.

    ResponderExcluir

Espaço de poiesis, de criação;;; comente, amplie, revise, sugira... plasmando a voz de Errante Trovador. Prefira identificar-se, pois preferimos cultivar as relações e colher parcerias no caminho. Agradecemos a atenção.