Quero acordar, tarde, e preparar uma vitamina de poemas num dia de domingo.
Na segunda, dia carpindo de trabalho, calçarei meu poema para andar, durante todo o dia. O velho par de poemas surrados do todo-dia.
Durante o sol a pino, do meio dia, brasa sertaneja avermelhada, de uma terça feira santa, abrirei meu poema para guardar do calor minha pele.
Quarta, dia de cansaço suado, vou banhar. Lavarei com as águas do poema, com sabonete, vinho e vinagre, todos os meus orifícios.
Já na quinta que é dia de esperança, ao lado de meu poema amante, saborearei, degustarei, molhado de salivas, uma fatia de poema e um petit-gateau. Hum!
Na sexta-feira?
Na sexta-feira vou à forra. Lascivo, lamberei meu poema-falo, meu poema-entranha. Me darei de comer.
(noutro tom)
E no sábado, amanhecido triste, padecerei tísico, seco, amargurado como um poema velho, insandecido. Depois de morto, de novo vivo, darei à luz, de meu próprio ventre a um poema, posto que ninguém é pai de um poema sem padecer, sem antes de tudo morrer.
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