Viu-me
A andar na rua
Andar assim como quem come
O pó
A paisagem
A maçã dos tempos
Não desviou o garfo dos ombros
Por crer-me pouca demais pra tanto prato:
Inaniu-se.
Viu-me
A andar na rua
Andar como quem chove
Molhando os olhos
Os ocos centros
Dos tantos mundos
Não tomou do guarda-chuva
Por crer-me sol demais pra tanta água:
Afogou-se.
Viu-me
A andar assim na rua
Andar como quem se despe
As glândulas inchadas
em cada mama,
dez mil ninhadas penduradas
Não escusou-se
E a despeito da barriga farta:
(M)Amou-me.
Senti-me (m)amado no verbo, Bianca. Delicioso ensaio.
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