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POESIA COLABORATIVA
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quinta-feira, 28 de abril de 2011

Mandinga para espantar zica de casa nova – ou – Feijoadinha besta

Aluguei uma casa numa rua insossa, sensaborona. E pra começar com o pé direito, espantar a zica, marquei uma feijoada completa.

A Neuza, minha chegada, me ajudou a preparar o feijão do jeito que Tom Zé gosta. Chico, o Buarque, dessalgou a carne, Marisa cortou a cebola, Arnaldo fingiu, muito mal, amassar ao alho e falou sobre fragilidades. Céu cortou tomates pra salada enquanto Ceumar cortava delicadamente um molho de cheiro verde. Milton disse que Baby não quis nem ver, nem saber do que se passava. A Bethânia também não quis aparecer. Ela disse que a MPB estava morta e que era preciso ler os mapas desse tempo, por isso havia deixado de ir à feijoadas para se dedicar ao seu projeto novo: um blog. O telefone tocou. Era Caetano, dizendo que ia faltar mas deu, por telefone mesmo, o título da festa: “Olha, isso é um samba/suor/ecerveja!”.

Enquanto isso os meninos (Morais, Alceu,Lobão e Jorge) jogavam palitinho e divergiam sobre necessidade de dor...

Ney cortava os tecidos de seda para a por à mesa, Gil, no fogão preparava um chá. Chico, o César, arrumando com cuidado cada talhe e rindo falou alto “ainda bem que nesta feijoada não faltou camarão!!!”.


Já era tarde quando chegou a vez de Tom Zé assumir voz e violão. Derrepente alguém deu um grito! Era Gal, a dos anos 1970, que tinha bradado um agudo farpado de dentro de um outro salão. Disse ela, estranhamente, que sabia que naquele quintal estava enterrado o poeta Waly Salomão, o marujeiro da lua. Lenine para evitar que meu terreno fosse escavado, argumentou que ela devia estar um pouco confusa por conta dos entorpecentes. João Gilberto, calado, mas achando tudo muito engraçado, pegou no cabo da enxada e com a ajuda de Baleiro começou a escavar. Calcanhoto foi quem primeiro percebeu que Waly estava acordando feliz. Na verdade, Waly acordou ansioso, ninguém se movia ou falava nada, ninguém entendeu. Waly prontamente irrompeu o silêncio e perguntou: “Acabou a cerveja, foi?”
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